sábado, 25 de fevereiro de 2012

Diário de Biologia

MONSTROS PRÉ-HISTÓRICOS: A Madtsoia viveu junto com os dinossauros. É o pior pesadelo de quem tem medo de cobras. Apesar de apenas fragmentos da espécie terem sido recuperados, cientistas especulam que ela poderia medir cerca de 20 metros e se alimentava de uma forma similar à da jibóia – quebrando os ossos da vítima para depois engolir inteiramente o animal. [HypeScience]

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Cientistas constroem nanorrobô a partir de moléculas de DNA


Nanocargueiro vai levar doses diferentes de moléculas a células específicas, capacidade que poderá ser utilizada para melhorar os sistemas de transporte de medicamentos

23 de fevereiro de 2012 | 17h 52

Cientistas da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, construíram um nanorrobô a partir de moléculas de DNA que é capaz de transportar carga até células individuais e influenciar o comportamento delas.

Nanocargueiros poderão ser projetados para responder a certas proteínas na superfície das células - Divulgação
Divulgação
Nanocargueiros poderão ser projetados para responder a certas proteínas na superfície das células

O nanocargueiro pode levar doses diferentes de moléculas a células específicas, capacidade que poderá ser utilizada para melhorar os sistemas atuais de transporte de medicamentos, segundo os autores da pesquisa, cujos resultados foram publicados na edição de 17/02 da revista Science.

Para montar o protótipo, Shawn Douglas e colegas da Harvard Medical School empregaram a técnica conhecida como origami de DNA - que consiste em dobrar fitas do ácido desoxirribonucleico em formas complexas - para construir o nanorrobô de formas hexagonais.

Os pesquisadores carregaram o veículo com nanopartículas de ouro e fragmentos de anticorpos com marcação fluorescente, que foram transportados até células de um tecido em cultura.

Segundo os autores do estudo, os nanocargueiros poderão ser projetados para responder a certas proteínas encontradas na superfície das células - ou a combinações específicas delas -, de modo a entregar a um alvo moléculas que possam atuar de diferentes formas no comportamento dessas células.

A tecnologia, que é inspirada nos mecanismos do sistema imunológico humano, poderá ser utilizada, por exemplo, em sistemas que tenham como objetivo atingir e destruir células cancerosas, apontam os cientistas.

“Esse trabalho representa uma grande conquista no campo da nanotecnologia, ao demonstrar a capacidade de empregar avanços recentes no campo do origami de DNA para desafios importantes como destruir células cancerosas com alta especificidade”, disse Donald Ingber, diretor do Wyss Institute na Escola de Medicina de Harvard.

O artigo A Logic-Gated Nanorobot for Targeted Transport of Molecular Payloads (doi:10.1126/science.1214081), de Shawn Douglas e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org/content/335/6070/831.abstract.

" Tudo é ilusão. Tudo é como correr atrás do vento."



HERÁCLITO, O OBSCURO

A pedra se move menos que a planta.
A planta se move menos que o réptil, movendo-se sobre a pedra.
O réptil se move menos que o leopardo, na espessura da floresta.
O leopardo se move menos que o homem, faminto de espaço.
Todo ser, ao mover-se, exprime o seu desassossego: arco tendido
[ na direção do vir a ser.
A pedra tem mais sossego que a planta.
A planta tem mais repouso que o réptil.
O réptil é mais sonolento que o leopardo.
O homem, este é pura insônia — trabalho futuro, voo e flecha.
Hélio Pellegrino

Preservar, estudar e encontrar as soluções

Descoberto fungo amazônico que degrada plástico mesmo sem oxigênio

Organismo conseguiria quebrar cadeias de poliuretano em condições de aterro sanitário, diz estudo

19 de fevereiro de 2012 | 22h 30
Alexandre Gonçalves

Pesquisadores americanos descobriram um fungo na Amazônia equatoriana capaz de degradar poliuretano, um tipo de polímero muito usado para a confecção de espumas, adesivos e tintas. O trabalho, publicado na Applied and Environmental Microbiology, pode levar a estratégias inovadoras para reduzir o impacto ambiental dos plásticos.

Ambientalistas argumentam que os plásticos demoram muito para se decompor na natureza. O polietileno, por exemplo, leva cerca de 50 anos. O PET, usado na produção de garrafas plásticas, permanece até 200 anos no ambiente. Cientistas explicam que fungos e bactérias ainda não desenvolveram o arsenal de enzimas necessário para degradar as longas cadeias sintéticas de carbono, hidrogênio e outros elementos que constituem os plásticos.

Daí a necessidade de pesquisas e ações para remediar o problema. Um acordo, ainda em fase de implementação, do governo paulista e da Associação Paulista de Supermercados (Apas), pretende banir a distribuição de sacolas plásticas nos supermercados do Estado, um gesto para evitar que 2,4 milhões de unidades - cada uma leva, no mínimo, 40 anos para se decompor - sejam lançadas no ambiente todos os meses.

A descoberta de organismos que já são aptos para degradar o plástico nos aterros ajudaria a encurtar os tempos de decomposição e a diminuir consideravelmente o dano ambiental.

Duas cepas de Pestalotiopsis microspora, descobertas pelos americanos - em sua maioria, estudantes de graduação da Universidade Yale -, mostraram um enorme potencial na degradação de poliuretano. O estudante Jonathan Russell identificou a enzima secretada pelo fungo responsável pelo enfraquecimento das ligações químicas do polímero.

Oxigênio. A pesquisa trouxe consigo uma descoberta inusitada: a enzima funciona tanto na presença como na ausência de oxigênio, algo inesperado para os cientistas. Desta forma, o fungo poderia funcionar também nos aterros sanitários, onde uma grossa camada de dejetos e terra costuma cobrir os plásticos descartados, diminuindo a oxigenação e, desta forma, dificultando sua decomposição.

A pesquisadora Sandra Mara Franchetti, da Unesp de Rio Claro, também realiza testes com fungos de diferentes espécies para comparar seu potencial para biodegradar plástico.

Ela realiza misturas de diferentes tipos de plásticos - as chamadas blendas poliméricas -, especialmente de plásticos sintéticos com plásticos biodegradáveis. “Depois, fazemos testes para verificar as propriedades mecânicas do material e seu potencial de biodegradação”, explica Sandra. “Nossa hipótese é que o polímero biodegradável pode servir como porta de entrada para os organismos que realizarão a decomposição.”

“Há poucos pesquisadores no País atuando nesta área pois são necessários equipamentos muito sofisticados”, aponta Lucia Durrant, da Unicamp, que também já realizou estudos na área.

Derval Rosa, da Universidade Federal do ABC, também estuda a biodegradação de polímeros e tenta descobrir como ela ocorre nos aterros sanitários e em cada um dos diferentes tipos de plástico. Mas adota uma postura realista. “Nossos aterros são precários”, afirma. “Talvez em 20 anos conseguiremos o nível de controle necessário para aplicar esse tipo de conhecimento.”

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Genética - O Y está salvo!

Estudo desmente teorias sobre desaparecimento do cromossomo Y
22 de fevereiro de 2012 14h58 atualizado às 15h56

As teorias de que os homens eventualmente vão desaparecer porque o cromossomo Y, que determina a masculinidade, está encolhendo estariam muito erradas, segundo um estudo genético publicado nesta quarta-feira.

O cenário da condenação dos homens ganhou destaque quase uma década atrás quando os cientistas descobriram que o cromossomo masculino tinha se reduzido drasticamente. Ele passou de um super-Y com mais de 1.400 genes, há centenas de milhões de anos, para um pequeno e nodoso cromossomo com apenas dezenas de genes.

Essa descoberta levou a pensar que o Y estava em apuros. Os humanos poderiam acabar como as ratazanas toupeiras transcaucasianas, um pensamento preocupante. Mamífero cujo cromossomo Y foi vencido pela pressão evolucionária, a ratazana toupeira se diferenciou em duas espécies, um das quais não possui o cromossomo Y. Como o gênero de sua prole é determinado ainda é um mistério.

No pior cenário, os homens desapareceriam sem meios artificiais para garantir a continuidade do sexo masculino ameaçado. Algumas vozes apocalípticas dizem que isso poderia acontecer em cerca de cinco milhões de anos e outras em apenas 125 mil anos, com o cromossomo Y seguindo o caminho do pássaro extinto Dodo.

Mas o novo estudo diz que a diminuição dos cromossomos Y ocorreu em um passado muito distante e que o cromossomo tem se mantido maravilhosamente estável há milhões de anos. O genoma humano tem 22 pares de cromossomos mais um par que determina o sexo. Se você é uma mulher, tem dois cromossomos X; se você é um homem, um X e um Y.

A nova evidência vem de uma comparação do cromossomo Y humano com o do macaco rhesus - um famoso macaco do Velho Mundo cujo caminho evolucionário se diferenciou dos humanos e chipanzés cerca de 25 milhões de anos atrás. O cromossomo Y do rhesus não perdeu um único gene ancestral em todo esse tempo, disse o estudo.

Em comparação, o Y humano perdeu um gene ancestral, o que aconteceu em um minúsculo segmento que corresponde a apenas três por cento do cromossomo inteiro. "Sem a perda dos genes do Y do rhesus e um gene perdido no Y humano, está claro que o Y não vai a lugar algum", afirmou Jennifer Hughes do Whitehead Institute for Biomedical Research do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

O chefe de Hughes, David Page, disse que tem combatido a noção de "declínio do Y" nos últimos 10 anos e acredita que o novo estudo "simplesmente destrói" a teoria. "Eu não posso dar uma palestra sem ser questionado sobre o desaparecimento do Y", reclamou. "Esta ideia tem sido tão persuasiva que tem nos impedido de avançar em questões realmente importantes sobre o Y", afirmou.

Antes de eles se tornarem cromossomos sexuais especializados, o X e o Y eram essencialmente como os cromossomos comuns e costumavam trocar genes com qualquer outro, um processo chamado cruzamento que ajuda a eliminar mutações perigosas e manter um amplo conjunto de genes, de acordo com a equipe de Page. Mas o cruzamento X-Y parou, fazendo o cromossomo Y perder rapidamente dezenas de genes indesejados em cinco etapas. "Então ele se nivelou e ele vem fazendo isso muito bem desde então", concluiu Page.

Planeta fora do Sistema Solar formado por água

Astrônomos identificam exoplaneta formado por água

Novo tipo de astro está a 40 anos-luz da Terra; cientistas dizem que sua estrutura não se parece com nada conhecido

22 de fevereiro de 2012 | 3h 05
Efe

Com ajuda do Telescópio Espacial Hubble, astrônomos identificaram um novo tipo de planeta localizado fora do Sistema Solar: composto em sua maior parte por água e rodeado de uma espessa atmosfera de vapor.

Ilustração feita pela ESA indica que planeta aquoso orbita uma estrela vermelha - Nasa/Efe
Nasa/Efe
Ilustração feita pela ESA indica que planeta aquoso orbita uma estrela vermelha

"É um planeta que não se parece com nada do que conhecemos até agora", afirmou Zachory Berta, do Centro Harvard Smithsonian de Astrofísica (CfA, na sigla em inglês), que liderou a equipe internacional de cientistas. "Uma proporção enorme de sua massa é composta de água."

O planeta GJ 1214b foi descoberto em 2009, mas só agora os cientistas confirmaram detalhes de sua atmosfera. Em 2010, outro grupo do mesmo centro observou o planeta e concluiu que sua atmosfera poderia ser formada por vapor de água ou nuvens. Agora, foi usada a câmera infravermelha do Hubble para confirmar que a atmosfera do GJ 1214b era formada por uma espessa e densa camada de vapor de água.

O planeta é aproximadamente 2,7 vezes maior que a Terra e tem massa 7 vezes superior - o que o coloca na classe dos exoplanetas conhecidos como superterras. Ele orbita a uma distância de cerca de 2 milhões de quilômetros de uma estrela vermelha. A temperatura estimada na sua superfície é de 230°C.

A conclusão o GJ 1214b tem uma estrutura muito diferente da Terra. "As temperaturas elevadas e a alta pressão podem formar substâncias que são completamente estranhas", diz Berta. O planeta se encontra na constelação conhecida como Serpentário - a 40 anos-luz da Terra.