“Temos orgulho de oito dos nossos alunos terem sido premiados com um Nobel”, diz Jean Donahue, diretor assistente pela área de ciência, ao Porvir. A lista de premiados começou a ser construída em 1972, quando Leon Cooper ganhou o Nobel de física. Os dois seguintes, Sheldon Glashow e Steven Weinberg, colegas de escola, receberam juntos também o Nobel de Física em 1979. E assim foi. Em 1988, 1993, 2004 e 2005, todos de física. Neste ano, Lefkowitz foi o primeiro dos ex-alunos da instituição a ser laureado por suas pesquisas em química. Todos eles frequentaram os bancos e laboratórios da escola entre as décadas de 40 e 60. Se a Bronx Science High School fosse um país, estaria em 13o lugar, junto da Bélgica, em número de laureados. Apenas a título de comparação, o Brasil até hoje nunca recebeu um Nobel.
E qual seria o segredo para uma receita de tanto sucesso? A essa pergunta, Donahue responde com um singelo “tentamos incutir o método científico nos alunos”. Inaugurada em 1938 já com a preocupação de ser forte no ensino de ciências, a escola tem como lema “Perguntar, Descobrir e Criar”. “Nossa filosofia é centrada em ensinar habilidades de pensamento crítico. Nós queremos inspirar os alunos a fazer perguntas sobre o mundo em volta deles e guiá-los a encontrar as respostas”, afirma o diretor. Assim, diz ele, mesmo que um estudante não tenha afinidade com ciência, ele levará para a vida competências úteis que servirão em qualquer carreira.
Na prática, esse “incutir o método científico” quer dizer que um aluno interessado por ciência terá a sua disposição uma gama de disciplinas obrigatórias e eletivas um tanto rara em escolas públicas de ensino médio. Eles podem fazer aulas avançadas de genética, química analítica e microbiologia. A escola estimula seus estudantes também a encontrarem um assunto que queiram estudar a fundo e, definido o tema, os ajuda a encontrar um cientista da academia que aceite dar apoio ao trabalho dos jovens. “Muitos professores generosos têm concordado em receber nossos alunos e permitiram que eles trabalhassem em seus laboratórios”, disse Donahue.
E para quem não gosta tanto assim de ciências, há opções de eletivas em outras áreas do conhecimento – talvez esse dado justifique o fato da escola também colecionar vencedores do Pulitzer, maior prêmio norte-americano de jornalismo – seis estudantes e sete prêmios. Só em línguas estrangeiras, os alunos têm a opção de estudar chinês, francês, grego, japonês, espanhol, italiano e até latim. Na área de humanas, é possível fazer estudos aprofundados em governo e política, geografia humana e Holocausto. “Muitos de nossos alunos têm interesse particular em ciência e matemática, mas muitos não têm”, afirma o professor.
Para entrar na escola, é preciso fazer um exame de admissão e ser morador de Nova York. A procura costuma ser grande, uma vez que, além do histórico de Nobel e Pulitzer, a escola está entre as mais bem avaliadas de Nova York e seus egressos costumam ir bem nos vestibulares das universidades norte-americanas. E isso, para uma região que vive desafios sociais, é sempre uma boa notícia. “Muitos dos nossos alunos vêm de famílias de imigrante. Muitos são realmente pobres, mas a maior parte vem de famílias com rendimentos modernos”, disse o diretor.