quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Censo Demográfico - 2000 : Nupcialidade e Fecundidade: Resultados da Amostra



Educação das mulheres determina taxas de fecundidade e de mortalidade infantil
Os dados do novo volume temático do Censo 2000, divulgado hoje pelo IBGE, mostram que a escolaridade e o rendimento das mulheres são determinantes para a redução tanto da fecundidade como da mortalidade infantil.
Em 2000, a mortalidade infantil era de 40,2 mortes por mil crianças de menos de um ano, cujas mães tinham até três anos de estudo, mas caía para 16,7 por mil entre aquelas cujas mães tinham nível de instrução superior a oito anos.
No caso da fecundidade, enquanto entre as mulheres sem instrução ou com menos de um ano de estudo, a taxa era de 4,1 filhos por mulher, entre as que tinham 11 anos ou mais de estudo, a taxa ficou abaixo de 1,5 filho por mulher. Os resultados mostram que a média de idade da fecundidade se torna mais tardia com o aumento da escolaridade, apesar de o Brasil ainda ter um padrão etário da fecundidade predominantemente jovem.
A publicação traz também dados sobre nupcialidade, cruzados com os de cor ou raça, religião, escolaridade e rendimento e revela o crescimento da proporção de uniões de mulheres com homens mais novos.
A educação da mãe tem sido uma das principais variáveis socioeconômicas com impacto altamente positivo na redução dos índices de mortalidade infantil. Um modo de enfocar essa variável toma por base o conceito de analfabetismo funcional, ou seja, considera as mulheres com até três anos de instrução, cuja média nacional é de 19,2%. Nos estados das regiões Norte e Nordeste, com exceção de Roraima (18,4%) e Amapá (19,1%), a proporção de mulheres com até três anos de instrução estava entre 20% e 26%, em 2000, enquanto os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste apresentavam valores bem abaixo deste parâmetro, como no caso do Distrito Federal (9,3%) e do Rio Grande do Norte (10,2%).
Os resultados apresentados na tabela 22 corroboram a tese do importante papel da educação como um dos fatores determinantes na redução da mortalidade infantil, ou seja, à medida que aumenta a escolaridade materna, diminui de forma intensa a mortalidade de menores de um ano. Em 2000, para o Brasil como um todo, a mortalidade infantil era de 40,2‰ entre crianças cujas mães têm até três anos de estudo, mas caía para 16,7‰ entre aquelas cujas mães têm nível de instrução superior a oito anos, o que representava um diferencial de 140%. A situação continuava especialmente preocupante na região Nordeste, onde se registraram, em 2000, mais de 57 óbitos de menores de um ano de idade por 1.000 nascidos vivos, equivalente ao dobro do observado para as regiões Sudeste e Sul.
Em termos médios, não eram tão significativas, em 2000, as diferenças inter-regionais na mortalidade infantil no caso das mães com mais de oito anos de escolaridade. Já no estrato de menor escolaridade, encontravam-se diferenças de mais de 100% nas comparações regionais. Destaca-se, contudo, a mortalidade um pouco mais elevada no Nordeste mesmo no estrato de maior escolaridade, que leva a concluir pela existência de outros fatores, além da educação, influenciando a mortalidade na região e que podem estar relacionados com as condições socioambientais precárias que afetam direta ou indiretamente a população local. Sabe-se, por exemplo, que o Nordeste tinha, em 2000, elevada proporção de domicílios sem esgotamento sanitário ligado à rede geral (43,7%) e apenas 35,8% de domicílios adequados (que combinam água e esgotamento sanitário ligado à rede geral e coleta de lixo), contra 85% observados na região Sudeste. A potencial contaminação ambiental decorrente dessa situação tem forte impacto sobre as condições de sobrevivência das crianças, mesmo daquelas pertencentes a estratos não tão carentes.
A desigualdade na sobrevivência de crianças se repete quando se considera o impacto de outra variável socioeconômica, como é o caso do rendimento (gráfico 58). A desagregação desta variável por quintos de renda familiar per capita mostra que, em 2000, a mortalidade infantil era sempre superior para os quintos de renda familiar mais baixa. Na média nacional, a mortalidade infantil associada ao primeiro quinto era de 35‰ e caía para 16‰ no último quinto de renda familiar per capita (diferença de mais de 100%). A região Nordeste apresentava a maior taxa de mortalidade no primeiro quinto (48,9‰), cerca de 40% superior ao mesmo estrato observado para o Brasil e mais de 120% quando comparado com o predominante nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
Em síntese, ainda havia, em 2000, amplo espaço para futuras quedas da mortalidade infantil no país, particularmente nos estados da região Nordeste, que, independentemente das ações que vinham sendo implementadas na área da saúde, estavam relacionadas ao acesso de segmentos significativos da população à educação e à melhoria na distribuição da renda nacional e regional. Deve ser mencionada também a importância dos serviços de infra-estrutura de saneamento básico, principalmente de esgotamento sanitário, como um significativo condicionante da mortalidade infantil.
Mortalidade infantil na área rural supera a urbana em 30% no país
As diferenças das condições de vida dos diferentes estratos sociais têm claros reflexos sobre a mortalidade infantil. O Censo 2000 também mostra que há grandes diferenças quando se consideram a situação do domicílio (rural ou urbano), as regiões, cor ou raça, escolaridade da mãe e rendimento.
A mortalidade infantil de crianças menores de um ano residentes na área rural era, em 2000, superior à urbana em todas as regiões brasileiras e unidades da federação, com exceção dos estados de Rondônia, Amazonas, Roraima e Amapá. A mortalidade infantil rural era superior em 30% para o país como um todo, refletindo principalmente os níveis elevados observados nas áreas rurais do Nordeste, região que, no entanto, apresentava diferenciais relativamente baixos entre as duas situações (10%). Os mais elevados diferenciais de mortalidade entre as áreas rural e urbana se encontravam no Centro-Oeste, principalmente nos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul.
Em 2000, a mortalidade infantil estava se reduzindo no Brasil, mas persistiam fortes desigualdades entre as regiões e as unidades da federação. Entre Alagoas, estado com a mais elevada mortalidade infantil rural (67,2%), e o Rio Grande do Sul, onde a mortalidade infantil estimada era de 17,5%, a diferença chegava a 283%.
Cor ou raça também influenciam estimativas de mortalidade
Na comparação das estimativas de mortalidade infantil por cor ou raça, verifica-se que, em 2000, pretos e pardos estavam sempre em pior situação que os brancos. Na média nacional, a mortalidade infantil entre filhos de mulheres que se declararam de cor branca era de 22,9‰, mas subia para 34,9‰ em crianças de cor preta declarada pela mãe e declinava levemente, para 33‰, no caso das pardas. Quando se considera o conjunto de pretos e pardos, o valor era de 33,7‰, o que fazia com que as crianças nascidas de mulheres que declararam cor preta e parda tivessem uma probabilidade 47% maior de morrer antes de completar 1 ano de idade do que as crianças de mulheres que se declararam brancas.
Esse tipo de desigualdade racial era menor no Nordeste e no Norte do Brasil, em 2000, mas o quadro se torna bem mais complexo quando analisado pelas unidades da federação. Entre crianças de mãe branca, as menores taxas de mortalidade infantil se encontravam no Distrito Federal (14,4‰), em Roraima (15,3‰) e no Rio Grande do Sul (16,0‰), enquanto as mais elevadas se encontravam no estados do Nordeste, atingindo o valor de 59,2‰ em Alagoas. Já a mortalidade infantil de crianças de mães pretas era menor nos estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, nos quais ficava abaixo da média nacional (29,7‰).
Nos estados do Nordeste, que tinham as maiores taxas para esse grupo racial, os valores eram sempre superiores a 40‰, chegando ao máximo de 65,6‰ em Alagoas. Na região Nordeste como um todo, a taxa de mortalidade infantil para esse grupo específico era de 48,2‰, contra 38,5% do grupo de brancos. Na região Sudeste, os valores eram, respectivamente, 28,3‰ e 18,5‰. Para a cor parda, que constituía a grande maioria da população que não se declarou branca, os níveis de mortalidade infantil eram levemente inferiores ao grupo cuja mãe se declarou de cor preta, encontrando-se as menores taxas nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, e em Roraima o menor valor (20,8‰).
Fecundidade: escolaridade das mulheres é determinante
Os resultados do Censo 2000 mostram que a fecundidade diminui com o aumento da escolaridade e rendimento e que à medida que se elevam os anos de estudo, o padrão etário da fecundidade se torna mais tardio. Os dados revelam que a cor das mulheres não é, por si só, um condicionante independente para determinar grandes diferenças nos níveis de fecundidade.
Enquanto entre as mulheres sem instrução ou com menos de um ano de estudo, a taxa de fecundidade era de 4,1 filhos por mulher, entre as que tinham 11 anos ou mais de estudo, a taxa ficou abaixo de 1,5 filho por mulher. A taxa nacional era de 2,38 e o Brasil ocupava a 75ª posição entre os 192 países da ONU: a menor taxa de fecundidade do mundo era a de Hong Kong (1,05) e a maior, a da Nigéria (8,00).
O gráfico a seguir mostra que, apesar da média de idade da fecundidade se tornar mais tardia com o aumento da escolaridade, o Brasil ainda tem um padrão etário da fecundidade predominantemente jovem. Em 2000, o padrão tardio da fecundidade feminina ainda não sobressaiu na média do País porque quase 70% das mulheres em idade fértil (15 a 49 anos) tinham menos de 11 anos de estudo.
O município com a maior idade média (40,88 anos) foi Nova Castilho, em São Paulo, e os que tiveram a menor idade média (17,50 anos) foram Nova Candelária, no Rio Grande do Sul, e Nova Marilândia, no Mato Grosso. É importante frisar que essas foram as idades médias com que as mulheres tiveram filhos em 2000 e não o primeiro filho. Ver, em anexo, a tabela 6.1, com as maiores e menores idades médias de fecundidade das mulheres em 40 municípios selecionados.
Em relação ao rendimento, 91,4% das mulheres em idade fértil estavam em famílias com rendimento familiar per capita de até 5 salários mínimos. As estimativas da fecundidade mostram, no entanto, diferenciais bastante expressivos quanto ao número médio de filhos por faixas de rendimento. Nas famílias com mais de 5 salários mínimos per capita, a taxa de fecundidade era de 1,1 filho por mulher, mas naquelas famílias com até ¼ de salário ou de ¼ a ½ salário per capita as taxas eram de, respectivamente, 5,30 e 3,28 filhos por mulher.
Observa-se, ainda, na tabela abaixo, que os diferenciais regionais são maiores nas classes de renda mais baixas, o que significa que as mulheres situadas em classes menos favorecidas e residentes em regiões economicamente mais desenvolvidas têm mais possibilidades de acesso aos mecanismos de regulação dos nascimentos.
No corte por cor ou raça, os resultados apontam um declínio generalizado, entre 1991 e 2000, nas taxas de fecundidade em todas as categorias. As diferenças, no entanto, não são determinadas somente pela cor das mulheres, mas pela interação com outros fatores, como o desenvolvimento da região onde vivem. Observa-se que as mulheres brancas da região Norte possuíam, em média, quase o mesmo número de filhos que as mulheres pretas da região Sudeste.
As mulheres orientais (amarelas) do Sudeste apresentaram as mais baixas taxas de fecundidade (1,28) e as indígenas do Norte, as mais elevadas (5,48). As estimativas de fecundidade da categoria amarela só foram calculadas para as regiões Sudeste e Sul e da indígena, para as regiões Norte e Centro-Oeste.
Quanto à religião, as mulheres espíritas eram as que menos tinham filhos, em contraposição às evangélicas de origem pentecostal: as primeiras tinham uma média de 2,54 filhos e as segundas, 3,84.
A tabela a seguir mostra, em nível municipal, os percentuais de mulheres de 10 a 19 anos com pelo menos 1 filho para o total e para o grupo de mulheres que não vivem nem nunca viveram em união, ou seja, sem cônjuge. O município de Borá, no estado de São Paulo, o menor do País em população, foi o que apresentou o maior percentual de mulheres com menos de 19 anos com filho: 25,64%.
Cresce proporção de uniões de mulheres com homens mais novos
A proporção de uniões em que a idade do homem é inferior a idade da mulher é uma tendência crescente nos últimos censos. Em 1980, representava 15,2% do total das uniões; passou a 17,3% em 1991 e atingiu 19,1% em 2000. A maior proporção de uniões com essas características se encontrava entre as uniões consensuais e em 55,6% delas, a diferença de idade entre mulheres e homens era de até três anos. Em 9,2% das uniões de mulheres com homens mais novos havia mais de 10 anos de diferença de idade.
Regionalmente, apesar do Nordeste (19,4%) se destacar, as proporções foram muito próximas. O destaque estadual ficou com o Amapá, com 22,5% de uniões de homens com mulheres mais velhas. Entre os municípios, Fernando de Noronha apresentou a maior proporção nesse tipo de união: 37,7% das uniões eram de mulheres com homens mais novos.
Em 2000, 70,3% das uniões foram realizadas entre pessoas da mesma cor ou raça; 86,6% entre pessoas da mesma religião e 43,4% entre pessoas do mesmo grupo de anos de estudo.
Os resultados revelam que a cor ou raça e a religião são fatores importantes para a análise dos padrões das uniões e geralmente influenciam a idade média ao casar e a proporção daqueles que ficam solteiros. A idade média ao casar das pessoas que se declararam de cor amarela (orientais) foi a mais elevada (27 anos), o que pode ser explicado pela estrutura etária mais envelhecida desta população. A mais baixa foi encontrada entre os indígenas (22,1 anos). Entre as religiões, a espírita, que também tem uma estrutura mais envelhecida, apresentou a mais alta idade média ao casar (26,7 anos). Para o total do País, a idade média ao casar era 24,2 anos. Por Unidades da Federação, a maior idade média foi encontrada em Minas Gerais (25,2 anos) e a menor no Acre (22,1 anos).
Em relação à escolaridade, os dados mostram que para o grupo sem instrução e com menos de 1 ano de estudo, a idade média ao casar era 24 anos; para os que tinham 11 anos ou mais de estudo, era 26,6 anos de idade. Porém, o grupo que apresentou a menor idade média ao casar (22,7 anos de idade) foi o das pessoas que tinham de 4 a 7 anos de estudos. Portanto, a idade média não apresentou uma tendência crescente na estrutura da escolaridade.
Dentro do aspecto econômico, observou-se o aumento da idade média ao casar na medida que aumentava o rendimento familiar, ou seja, os mais pobres se casam mais cedo. Enquanto a idade média para as pessoas com rendimento familiar de até um salário mínimo era de 20,6 anos, para os que apresentaram rendimento familiar acima de 20 salários mínimos, era de 29 anos.
A análise dos tipos de união por sexo e idade mostrou que as mulheres mais jovens, entre 15 e 19 anos, experimentaram todos os tipos de união, especialmente a consensual, onde têm participação três vezes e meia maior que a dos homens: em 2000, havia 954.044 mulheres nessa faixa de idade vivendo em união consensual, contra 259.071 homens. A partir dos 25 anos de idade, as uniões legais das mulheres superam as consensuais. A participação masculina nas uniões legais passa a ser superior à feminina a partir da idade de 40 anos.
Em 2000, os solteiros, ou seja, as pessoas que não viviam em união, totalizavam 57,9 milhões de pessoas (42,3%), sendo que 52,7 milhões nunca tiveram nenhuma união e 5,2 milhões eram solteiros que já viveram em união consensual. O município com a maior proporção de solteiros ( 52,7%) que nunca viveram em união era Jussiape, na Bahia.
Na composição por sexo, a grande predominância em todo o Brasil era de homens, com um excedente de 3,8 milhões em relação às mulheres. No entanto, para os grupos de idade mais avançados há tendência ao predomínio feminino entre os solteiros e as dificuldades para as mulheres encontrarem companheiros são maiores.
Comunicação Social
26 de dezembro de 2003

Mortalidade infantil cai 31% entre 2000 e 2008 no país

 

Melhorias na estrutura de saneamento e aumento da escolaridade das mães puxaram queda

Jones Rossi
A taxa de mortalidade infantil caiu 31% entre os anos 2000 e 2008, segundo a pesquisa anual Saúde Brasil, divulgada nesta terça-feira pela Secretaria em Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde. O índice de crianças que morrem antes de completar um ano de vida caiu, neste período, de 27,4 para 19 mortes a cada mil nascidos. A mortalidade na infância, entre crianças até cinco anos, também registrou uma queda semelhante, de 29%: passou de 32 mortes por mil nascidos para 22,8.
Na região Nordeste, foi registrada a maior queda da mortalidade na infância : de 48,8 para 32,8 a cada mil nascidos, redução de 4,8% por ano. A queda é ainda maior se for considerado o intervalo iniciado em 1990, quando o índice chegava a 87,3 mortes por mil crianças nascidas. Nessa caso, entre 1990 e 2008, a redução é de 65%.
A despeito do avanço, o Nordeste segue ostentando o pior índice nacional, muito acima da região Sul, com 15 mortes por mil nascidos - o menor do Brasil. Além do Sul, somente o Sudeste, com 16,5 mortes por mil nascidos, apresenta índice inferior ao estipulado pela Organização das Nações Unidas para a mortalidade na infância: 17,9. No ritmo atual, o Brasil deve alcançar a meta antes de 2015, prazo estabelecido pela ONU.
Segundo a pesquisa, as mortes por doenças infecciosas caíram mais de 60%, puxando para baixo os índices de mortalidade. Em 1990, doenças infecciosas eram a causa de 14,6% das mortes, ante 5,3% da taxa registrada em 2008. A melhoria do saneamento urbano e o aumento do tempo de estudo das mães, de acordo com a pesquisa, são os responsáveis pela queda.
Miriam Silva
Mortalidade na infância e mortalidade infantil

Baixa escolaridade das mães aumenta mortalidade infantil


Acre e Alagoas, os dois estados com mais baixo Índice de Desenvolvimento Infantil (IDI), têm a maior proporção de mães com escolaridade precária, isto é, menos de 4 anos de estudo. No Brasil, 3,4 milhões de crianças até 6 anos estão nessa situação, o equivalente a 16% do total. Em Alagoas, são 38%; no Acre, 37%. A coincidência não é surpresa.
O IDI mede as condições de vida da população de 0 a 6 anos e foi divulgado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), no "Caderno Brasil". O indicador é formado por quatro variáveis, uma delas a escolaridade dos pais. Há muito já se sabe que o grau de estudo da família pesa tanto ou mais do que a escola na formação dos estudantes.
O levantamento do Unicef cruzou dados de escolaridade das mães com a taxa de mortalidade infantil. A relação é direta: entre as mães com menos de 4 anos de estudo, a taxa é de 34,9 mortes no primeiro ano de vida, a cada mil bebês nascidos vivos. Nada menos do que 131% maior do que a taxa de mortalidade entre mães com oito anos ou mais anos de escola, que é de 15,1.
Claro que há outros fatores: nas famílias cujas mulheres estudaram mais, a renda tende a ser maior. Conseqüentemente, as condições de vida são melhores: do saneamento básico ao atendimento médico das gestantes, passando por melhor alimentação, vacinação e acesso a creches e pré-escolas. Não é à toa que as outras três variáveis do IDI são justamente a vacinação dos bebês menores de 1 ano, o atendimento pré-natal e as matrículas na pré-escola.
A escala do IDI vai de 0 a 1, sendo 1 a nota máxima, como ocorre com o Índice de Desenvolvimento Humano. O IDI do Brasil ficou em 0,733. O do Acre, último colocado no ranking estadual, foi de 0,562; Alagoas, o penúltimo, 0,574. Os dados são de 2006, embora o cruzamento da escolaridade das mães com a mortalidade infantil misture informações de 2004 e 2006.
De acordo com o Unicef, 74 mil brasileiros morreram antes de completar 5 anos, em 2006. A maioria por causas facilmente evitáveis. No mundo, foram 9,7 milhões.
Apesar dos avanços do Brasil em termos de matrículas na última década, 3,5 milhões de crianças e jovens de 5 a 17 anos continuavam sem estudar em 2006, segundo o IBGE. Quantas crianças terão mães com escolaridade precária nas próximas décadas?

(Para ler o "Caderno Brasil" do Unicef, clique aqui. Para ler o relatório "Situação Mundial da Infância 2008 - Sobrevivência Infantil", do Unicef, clique aqui)

Por Demétrio Weber
Para O Globo Blogs
Foto: Marcelo Piu - Dia das Mães na Rocinha

Conheça como eram alguns de nossos ancestrais

 

Paleoart” é um termo informal usado para tratar a arte que retrata temas relacionados à paleontologia . Estes podem ser representações de restos fósseis ou representações dos seres vivos e dos seus ecossistemas. Conheçam alguns trabalhos de paleoartistas!
Homo-neanderthalensis-male
Homo-neanderthalensis-woman
O Homo neanderthalensis (a primeira foto macho e segunda fêmea) é uma espécie extinta que habitou a Europa e partes do oeste da Ásia, de cerca de 300 mil anos atrás até aproximadamente 29 mil anos atrás. Existiram ao mesmo tempo dos Homo sapiens e alguns autores os consideram como subespécies do Homo sapiens. Os neandertais estavam adaptados ao clima frio, como se infere do seu grande cérebro e nariz curto, mas largo e volumoso.
Homo-floresiensis-femea
Homo floresiensis é uma espécie extinta da família Hominidae que viveu na Ilha de Flores, na Indonésia, até há 13 mil anos. O homem de Flores é conhecido através de um esqueleto quase completo de uma mulher (reprodução foto), e de seis outros indivíduos em diversos estados de conservação, incluindo um punho completo. A anatomia desta espécie mistura características de Australopithecus e Homo erectus com traços do homem moderno Homo sapiens, numa combinação que intriga os cientistas.
Homo-heidelbergensis--2
Homo heidelbergensis é um hominídeo extinto que surgiu há mais de 500 mil anos e perdurou, pelo menos, até cerca de 250 mil anos. É um antepassado direto do Homo neanderthalensis na Europa. Eram indivíduos altos (entre 1,75 e 1,80 m) e muito fortes (chegando a pesar 100 kg), apresentando um grande crânio bastante aplanados em relação ao homem atual, com mandíbulas salientes e grande abertura nasal.
Homo erectus2
Homo erectus é uma espécie extinta de hominídeo que viveu entre 1,8 milhões de anos e 300 mil anos atrás. Eles mediam entre 1,30 e 1,70 m de altura, com aproximadamente 70 quilos e seu volume craniano era de cerca de 50% a mais em relação ao seu ancestral Homo habilis. Seus esqueletos fósseis datam de cerca de 1,5 milhão de anos atrás, e foram encontrados principalmente na África.
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Homo habilis é uma espécie de hominídeo que viveu entre 2,5 milhões e 1,9 milhões de anos atrás. Das espécies do gênero Homo, a que menos se parece com o H. sapiens, com braços proporcionalmente muito mais longos, cavidade craniana menor e morfologia geral similar aos Australopithecus. Foi o primeiro a construir e utilizar ferramentas.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

10 maneiras que a evolução nos confunde

 

Por em 27.10.2013 as 16:00


A evolução moldou nossos corpos e comportamentos, instintos e metabolismo. Mas também alteramos nosso próprio ambiente pela nossa cultura, e ainda não tivemos tempo de ficar bem adaptados para essa nova realidade. Isto acaba gerando alguns efeitos colaterais curiosos e intrigantes. Confira aqui 10 maneiras que fomos sabotados pela evolução:

10. Salgado e doce

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Você já se perguntou por que somos todos dominados por desejos de alimentos que não são saudáveis, com altos teores de sódio e açúcar, por exemplo?
Os seres humanos evoluíram para sobreviver a partir de três grandes grupos de alimentos: proteínas, gorduras e vitaminas/minerais. Era o que havia disponível aos nossos ancestrais, na forma de carne, peixes, frutas e verduras. Naturalmente, evoluímos para gostar destas coisas por que traziam vantagens para a sobrevivência, e serviam como forma de decidir se um alimento era saudável.
O resultado é que gostamos do sabor doce das frutas e a salinidade natural das carnes. [ScienceMags, HuffingtonPost]

9. O efeito “Tubarão”

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Alguma vez você já assistiu um filme assustador e então ficou com medo de fazer algumas coisas, como ir ao porão? Imagine que você é um dos ancestrais humanos que acabou de testemunhar alguém ser devorado por um leão. Seria vantajoso ser capaz de aprender com eventos como este.
E é o que acontece – toda vez que você experimenta uma situação similar à do ataque do leão, você sente uma ansiedade extrema e uma necessidade de evitar a situação, identificada através dos odores e do aspecto da área. O seu cérebro agora conecta rapidamente os cheiros e aspecto com a ideia de ser comido por um leão, e trata de evitar a situação.
Atualmente, não é comum ver alguém ser devorado por leões, mas ver filmes assustadores é. Testemunhamos monstros e fantasmas fictícios fazendo coisas horríveis às pessoas, o que é suficiente para disparar o instinto. A evolução não antecipou este tipo de distração, e o filme “Tubarão” é um exemplo perfeito disso.
As pessoas que assistiram ao filme sabiam que era uma ficção, mas durante algum tempo evitaram praias. Nossos instintos não entendem ataques fictícios de tubarão, e o resultado foi que quem assistiu “Tubarão” experimentou ansiedade real. [ScienceDaily, About Phobias]

8. Empatia com animais

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Você já se perguntou por que você sente afeto por animais? Nossos ancestrais tinham que matar e comer animais para sobreviver, então não seria vantajoso sentir qualquer tipo de compaixão ou empatia por eles. Por que então algumas vezes temos estes sentimentos?
A empatia evoluiu como uma ferramenta para ajudar na cooperação útil entre humanos. Os seres humanos cooperativos tinham melhores chances de sobreviver que os solitários. A empatia é uma ferramenta que nos ajuda a perceber sinais como a linguagem corporal, choramingos e expressões faciais, de forma que podemos sentir o que os outros sentem e estar mais inclinados e capacitados a cooperar de forma mutuamente benéfica.
Nos tempos modernos, não precisamos matar animais pessoalmente para sobreviver, assim o instinto de empatia pode se ampliar e se aplicar aos que apresentam os mesmos sinais sociais descritos acima, como choramingos e expressões faciais. Fatores culturais, como filmes que mostram animais que falam e têm personalidades humanas, também perpetuam este efeito. [GreaterGood, PsychologyToday]

7. O Bom Samaritano

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Você já se perguntou por que às vezes sente vontade de dar algum troco a um mendigo? O motivo é parecido com o anterior – é outro exemplo de empatia acontecendo de forma errada em um contexto moderno.
Da mesma forma que no caso anterior, a empatia evoluiu como um instinto de sobrevivência grupal. Os primeiros humanos se reuniam em pequenos grupos para sobreviver, então qualquer um com quem você interagisse era provavelmente alguém próximo, que você deveria confiar para te ajudar.
A evolução não antecipou ambientes como as cidades modernas, onde você interage com centenas de estranhos que não afetam a sua vida de forma nenhuma. O resultado é que o instinto ainda funciona e você se sente compelido a dar um troco a um mendigo.
Se você visse alguém em situação semelhante 200.000 anos atrás, provavelmente seria um membro importante de seu grupo de sobrevivência, e portanto um trunfo importante para manter e desenvolver camaradagem. [JSTOR, Nature.com]

6. Interesse sexual

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Você já se perguntou por que as mulheres têm menos interesse em sexo que o homem? Elas podem ficar grávidas e parir aproximadamente uma vez por ano. O homem, por outro lado, pode engravidar dez mulheres por dia, resultando em 10 nascimentos. Esta é uma diferença biológica bastante drástica.
O resultado disso é que as mulheres são mais relutantes e seletivas. Instintivamente, elas não querem desperdiçar suas limitadas chances anuais de gravidez. O fato de agora termos acesso fácil a métodos contraceptivos não anula 200.000 anos de evolução.
O instinto permanece – os homens tipicamente tem uma atitude mais descuidada e promíscua em relação ao sexo, porque biologicamente não há custos envolvidos. Uma mulher, por outro lado, geralmente se sente desconfortável com um estilo de vida assim, porque os instintos lhe dizem “você só terá uma chance de engravidar por ano, então nada de desperdícios”. [Trivers, R. (1972) Parental investment and sexual selection. In B. Campbell; Shackelford, Schmitt, & Buss (2005) Universal dimensions of human mate preferences]

5. Divórcio

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Você já se perguntou as possíveis razões pelas quais os casais se divorciam? Sociólogos e demógrafos descobriram que os casais que tem pelo menos um filho têm menos risco de divórcio que casais que têm somente filhas. Por que isso?
Como o valor de um homem como parceiro é bastante influenciado pela sua riqueza, status e poder, enquanto o valor da mulher é determinado pela juventude e atração física, o pai tem que se certificar que seu filho irá herdar seus bens, status e poder, não importando de quantos estamos falando.
Em contraste, existe muito pouco que um pai (ou mãe) pode fazer para manter sua filha jovem ou fisicamente atraente. A presença (e investimento) constante pelo pai é mais importante para o filho, mas não tão crucial para a filha. A presença de filhos, desta forma, diminui as chances de divórcio ou de abandono da família por parte do pai, muito mais que a presença de filhas – evolucionariamente falando. [TheBigQuestions, PsychologyToday]

4. O “Efeito do Inseto Fantasma”

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Você já deve ter notado um inseto caminhando no seu braço, só para continuar sentindo como se ele estivesse sobre sua pele, mesmo depois de tê-lo afastado. Por que isto acontece?
Trata-se do instinto de hipersensitividade. Se há a mínima chance de que um inseto esteja sobre você, seu cérebro entra no modo “melhor estar seguro do que arrependido”. E se você acabou de afastar um inseto, provavelmente existem outros por perto, e nossos ancestrais aprenderam da pior forma que eles podem ser venenosos ou perigosos.
Há uma vantagem em se tornar hipersensitivo a insetos imediatamente depois de sentir ou ver um. Seu cérebro sinaliza “é melhor dar uma segunda verificada nesta história de inseto no braço”.
Bônus: combinando este instinto com o efeito “Tubarão”, dá para explicar fenômenos como o avistamento de fantasmas. Você ouve histórias de fantasmas, ou vê um filme, e por causa do “Efeito Tubarão”, seu instinto começa a achar que fantasmas são reais. E quando você está em um lugar arrepiante, como um cemitério, você se torna hipersensibilizado e acaba vendo fantasmas que não estão lá.
As pessoas juram ter visto fantasmas, e podem ter mesmo visto, mas isto não significa que eles estavam lá. Pode ser simplesmente o cérebro tentando mantê-las seguras, criando a imagem de um fantasma, exatamente da mesma forma que cria a sensação de um inseto que não está lá. [DrBeetle]

3. Crise da Meia-Idade

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Talvez você já tenha se perguntado por que alguns homens casados acabam passando por uma “crise de meia-idade”. Só que essa crise não é afetada de fato pela idade, mas sim causada pela esposa.
Do ponto de vista da psicologia evolucionária, a crise da meia-idade é precipitada pela entrada iminente da esposa na menopausa, e o fim da sua carreira reprodutiva, o que renova no homem a necessidade de atrair mulheres mais jovens.
Por consequência, homens de 50 anos casados com mulheres de 25 anos não passam pela crise de meia-idade, e homens de 25 anos casados com mulheres de 50 anos a têm, da mesma forma que os de 50 casados com mulheres de 50 anos.
Não é a meia-idade do homem que importa, é a meia-idade da mulher. Quando ele compra um carro esporte conversível vermelho, ele não está tentando recuperar a juventude, mas atrair mulheres jovens para substituir sua esposa que está entrando na menopausa. Cruel… [en.Wikipedia]

2. Coisas que são “fofas”


Já se perguntou por que achamos certas coisas “fofas”? A essência da evolução é conseguir passar seus genes para a próxima geração da forma mais efetiva possível. Assim, era vantajoso que nossos ancestrais fossem capazes de reconhecer suas crias e sentir-se naturalmente compelidos a cuidar delas. E é daí que vem o conceito de “fofo”.
Os humanos desenvolveram uma sensibilidade natural para tudo que tem as características de um bebê humano. Isto inclui a desproporção enorme entre cabeça e corpo, e olhos grandes. O problema é que existem muitas coisas que têm estas características, como cães, gatos e outros animais. Estas semelhanças a bebês humanos disparam nosso instinto e enganam nosso cérebro, fazendo-nos gostar deles. Mesmo objetos inanimados podem criar este efeito, como, por exemplo, uma cenoura “bebê”. [GizMag]

1. A Teoria do Tio Gay

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Já se perguntou por que certa porcentagem da população é homossexual? Imagine um bando de ancestrais humanos sem homossexuais na população. A taxa de reprodução seria muito maior, o que parece ser uma vantagem evolutiva. Mas com tantas crianças para cuidar, recursos como comida, supervisão, defesa e abrigo seriam limitadas. Muitas das crianças não conseguiriam chegar à idade adulta.
Agora, imagine o oposto: um grupo de ancestrais humanos com uma porcentagem enorme de homossexuais. Neste caso, teremos um pequeno número de crianças que seriam bem cuidadas. Mas ainda assim não teríamos muitas crianças chegando à idade adulta, por que começaríamos já com poucas crianças.
Finalmente, em uma abordagem parecida com a da “Cachinhos Dourados”, imagine um grupo com a quantia certa, nem demais, nem de menos, de heterossexuais e homossexuais. O número de crianças com supervisão adequada atingindo a idade adulta seria maximizada. E é exatamente o que vemos na população humana atual – uma comunidade gay pequena, mas consistente. [InstinctMagazine, HuffingtonPost] [Listverse]

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Hiperdontia bucal: dentes além do normal

 

“Tenho 18 anos e o meu dentista me encaminhou para um dentista de aparelho. Ele disse que tenho hiperdontia e que vou precisar arrancar alguns dentes. Estou apavorada. o que é isso? Hiperdontia? Adoro demais o seu blog e a página do facebook.” Viviane Costa
Olá Viviane, obrigada pelo carinho… Veja bem, a primeira dentição é composta por dentes decíduos (dentes de leite) e começam a surgir por volta dos 36 meses e só termina mesmo com 12 anos e idade. Logo depois, surgem os dentes permanentes que tomam o lugar dos decíduos e normalmente estão completos até os 21 anos de idade. Quando uma pessoa desenvolve mais de 20 dentes decíduos ou mais de 32 dentes permanentes, elas têm hiperdontia bucal, ou seja, ela tem um excesso de número de dentes. Tais dentes são chamados de supranumerários.
Dentes além do normal podem surgir em qualquer parte do arco dental. No entanto, os mais comuns são os incisivos permanentes e os quarto molares. A hiperdontia não é uma condição tão rara, cerca de 4% da população possui pelo menos um dente supranumerário, em muitas regiões são chamados de “dentes encavalados”, por nascerem muito juntos aos permanentes por falta de espaço. Mas os grandes números são raros. Já existem relatos de pessoas com mais de 30 dentes excedentes, que muitas vezes está associada a condições como lábio leporino (fissura labial). Acredita-se que a hiperdontia possa acontecer através de um componente genético consistindo de uma caraterística autossômica dominante. Assim, caso um dos pais apresentem dentes excedentes, a condição tem chances de 50% de ser passada para o filho! Alguns especialistas defendem a teoria de que a hiperdontia é causada por uma hiperatividade da lâmina dental durante o desenvolvimento dentário, uma região onde ficam as células que formam o dente.
Os dentes supranumerários precisam ser detectados e tratados o quanto antes, pois além dos problemas estéticos eles podem causar problemas funcionais e clínicos. Infelizmente a única forma de tratar é fazendo a retirada dos dentes em excesso, quando possível. Tais dentes podem atrapalhar o surgimento dos dentes adjacentes. A não retirada dos supranumerários pode causar tumores e aglomeração de quistos.
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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Número de planetas extrassolares ultrapassa marca de 1 mil


22.outubro.2013 21:57:10

 


Ilustração do sistema planetário Kepler 11, com seis planetas. Crédito: NASA/Tim Pyle
Herton Escobar / O Estado de S. Paulo
A busca do homem por planetas extraterrestres e pela possibilidade de haver vida fora da Terra atingiu hoje um marco simbólico, porém histórico. O número de planetas descobertos fora do sistema solar ultrapassou a marca de 1 mil, chegando a 1.010 na Enciclopédia de Planetas Extrassolares, um dos principais catálogos de referência nessa área de pesquisa.
A lista é atualizada quase que diariamente pelo pesquisador Jean Schneider, do Observatório de Paris, à medida que novas descobertas são anunciadas – algo que já se tornou rotina nesses últimos 21 anos, desde a detecção dos primeiros exoplanetas (como também são chamados), em 1992.
A marca foi ultrapassada ontem com a inclusão da descoberta de 11 novos planetas pelo projeto WASP (Wise Angle Search for Planets), na Europa. Outros catálogos ainda não chegaram a 1 mil, mas estão todos próximos dessa marca (acima de 900). O Arquivo de Exoplanetas da Nasa, por exemplo, contabilizava até ontem 919 planetas, ao redor de 709 estrelas.
As variações devem-se a diferentes critérios para inclusão de novos planetas nas listas. O arquivo da Nasa, por exemplo, só inclui descobertas publicadas ou já aceitas para publicação em revistas científicas, enquanto que a enciclopédia de Schneider aceita anúncios pré-publicação, desde que feitos por grupos com respaldo científico reconhecido. “A Nasa é um pouco mais rígida nesse sentido. Mas todos os planetas acabam entrando nos dois catálogos; é só o tempo de inclusão que é diferente”, avalia o professor Sylvio Ferraz Mello, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo. “O número, na verdade, já passou de 1 mil faz tempo, pois há muitos planetas já descobertos que ainda não foram anunciados”, completa ele.
Seja qual for o número exato, essa amostra de 1 mil e tantos planetas já permite aos pesquisadores fazer uma série de análises e extrapolações sobre a diversidade e abundância de planetas existentes fora do sistema solar, que não eram possíveis 10 ou 20 anos atrás. E, com base nessas estimativas, fazer inferências sobre a possibilidade de haver vida fora da Terra — que estatisticamente falando é alta, segundo a maioria dos cientistas, apesar de não haver nenhuma prova direta disso.
“A possibilidade de haver vida em outros planetas é muito grande. Não temos nada de especial, então não faz sentido pensar que aconteceu só aqui”, diz o professor Eduardo Janot Pacheco, também do IAG. A grande maioria dos exoplanetas descobertos e confirmados até agora é composta de gigantes gasosos, como Júpiter ou Netuno, incapazes de abrigar vida como a conhecemos. Quando se inclui os planetas “candidatos” descobertos mais recentemente pelo telescópio espacial Kepler, porém, as estatísticas indicam que os planetas mais comuns no espçao são justamente os pequenos e rochosos, parecidos com a Terra. O problema é que, por serem pequenos, eles são muitos mais difíceis de serem detectados; por isso as listas atuais têm ainda um “viés tecnológico” que favorece numericamente os planetas gigantes.
“Inicialmente, na década de 1990, só tínhamos os gigantes, tipo Júpiter. Depois começaram a aparecer os mais parecidos com Urano e Netuno, que também são gigantes gasosos, só que menores. Agora começam a aparecer os planetas com massa e raio semelhantes aos da Terra”, diz o professor Jorge Melendez, também do IAG. “Os mais comuns, aparentemente, são esses menores; o que é muito promissor.”
IMAGEM: ‘Tabela periódica’ de 990 exoplanetas, organizados de acordo com sua massa e temperatura (distância da estrela-mãe). Crédito: Laboratório de Habitabilidade Planetária, da Universidade de Porto Rico em Arecibo
“O grande objetivo é encontrar um gêmeo da Terra”, completa Melendez. Por isso, entenda-se um planeta pequeno, rochoso e com condições para abrigar vida como a conhecemos – ou seja, com órbita inserida na chamada “zona habitável” de sua estrela, onde a temperatura permite ter água líquida na superfície. Isso ainda não foi achado, mas parece ser uma questão de tempo e tecnologia para que eles comecem a aparecer , segundo os pesquisadores.
A estimativa baseada em dados do Kepler, segundo Janot, é que haja cerca de 1 bilhão de planetas rochosos nas zonas habitáveis de estrelas somente na Via Láctea (a galáxia na qual se encontra o Sistema Solar) – sem contar todas os outros bilhões de galáxias do Universo.
Segundo o astrofísico Gustavo Mello, do Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estima-se que pelo menos 10% das estrelas (ou seja, 1 em cada 10) tenham planetas rochosos na sua zona habitável. “Esses números são muito incertos ainda, mas o que podemos dizer é que uma fração substancial das estrelas possuem planetas rochosos na zona habitável”, afirma ele.
Revés. Infelizmente para os pesquisadores, esse marco na descoberta de novos planetas ocorre justamente no momento em que os dois telescópios espaciais que revolucionaram a área nos últimos anos deixaram de funcionar: o Kepler, da Nasa, e o CoRoT, do Centro Nacional de Estudos Espaciais da França (em parceria com outros países, entre eles o Brasil). O primeiro teve de ser aposentado em agosto, de forma prematura, por causa de falhas em dois de seus quatro giroscópios (instrumentos que mantêm o telescópio apontado para o lugar certo). O segundo parou de funcionar em junho, depois de sete anos em operação.
Assim, nos próximos anos, caberá aos telescópios em terra tentar manter o ritmo das descobertas.
– Post atualizado às 6h do dia 23/10/2013

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Jovem de 15 anos cria teste que detecta três tipos de câncer em cinco minutos

 

Jack Andraka planeja iniciar testes clínicos com o sensor e colocá-lo no mercado em dez anos; prêmio de US$ 75 mil será usado para as pesquisas

Jack Andraka já se apresentou no TED: o custo do teste desenvolvido por ele é de US$ 0,03 e o resultado chega em menos de cinco minutos  Foto: Eco Desenvolvimento
Jack Andraka já se apresentou no TED: o custo do teste desenvolvido por ele é de US$ 0,03 e o resultado chega em menos de cinco minutos
Foto: Eco Desenvolvimento   
Aqueles que acreditam que os jovens não têm condições de ensinar nada aos mais velhos vão se surpreender com o norte-americano Jack Andraka, 15 anos, responsável pela invenção de um detector de câncer. O sensor, que é feito de papel, identifica três tipo de câncer (de pâncreas, ovário e pulmão).


Primeiramente, Andraka se debruçou sobre o câncer pancreático. O motivo? Um amigo de seu irmão morreu por causa da doença. "Fiquei interessado pela descoberta precoce, fiz uma tonelada de investigações e tive essa ideia", afirmou o jovem, durante a sua apresentação na Feira Internacional de Ciência e Engenharia da Intel.

O método, que lhe rendeu o primeiro lugar no prêmio da Intel, descobre o câncer de pâncreas de forma até 168 vezes mais rápida que os aparelhos usados atualmente. Além disso, fornece resultados 90% mais precisos, 400 vezes mais sensíveis e 26 mil vezes mais baratos do que os métodos atuais. O custo é de três centavos de dólar e o resultado chega em menos de cinco minutos.
Conheça 'gênios' precoces e suas criações na tecnologia
Conheça 'gênios' precoces e suas criações na tecnologia

O sensor criado pelo adolescente pode testar urina ou sangue e, se o resultado for positivo para a proteína mesotelina, indica que o paciente tem câncer no pâncreas. A tira de papel utilizada, muda conforme a quantidade da proteína no sangue e isso pode, de acordo com Andraka, detectar o câncer antes mesmo dele se tornar invasivo.

Seu prêmio de US$ 75 mil será usado para as pesquisas. Andraka pretende estudar para se tornar um patologista. Enquanto isso, ele planeja iniciar testes clínicos com o sensor e colocá-lo no mercado em dez anos.

Poluição e câncer de pulmão
Por falar em câncer, recentemente, a Agência Internacional da Organização Mundial da Saúde para Pesquisa sobre o Câncer (Iarc) anunciou oficialmente, pela primeira vez, que a poluição do ar é uma substância cancerígena - assim como o amianto, o fumo do tabaco e a radiação ultravioleta.

A professora de bioestatística da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, Francesca Dominici, alerta: "Você pode optar por não beber ou não fumar, mas você não pode controlar se você está ou não exposto à poluição do ar. Você não pode simplesmente decidir não respirar".

As fontes de poluição do ar estão por toda parte, inclusive em veículos movidos a combustíveis fósseis, usinas de energia e emissões industriais e agrícolas. O ar é composto por gases e partículas que apresentam um grande risco ao respirar, pois a poeira é depositada nos pulmões, possibilitando a reprodução acelerada e indevida de algumas proteínas que aumentam as chances de câncer.

Tortura e crueldade desnecessárias. Até quando?

Ativistas mostram em vídeo indícios de maus-tratos em beagles; assista
A Câmara dos Deputados promove enquete para avaliar se os cidadãos são favoráveis ou contrários ao aumento de penas no caso de atos contra a vida, a saúde ou a integridade física e mental de cães e…
00:03:45
Adicionado em 19/10/2013
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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

10 maneiras de ficar mais inteligente

 

Por em 15.05.2008 as 11:10

Revista HypeScience
Enquanto o seu Q.I. parece ser determinado geneticamente, portanto imutável, há ainda várias maneiras ficar mais inteligente, maximizando a sua inteligência funcional. Use bem a lista abaixo, pois estará investindo no seu maior patrimônio, sua mente.

10. Coma peixe

Peixes oleosos são ricos em DHA, um ácido graxo Omega-3 responsável por 40% da formação das membranas celulares e podem melhorar a neurotransmissão. O DHA é necessário para o desenvolvimento do cérebro do feto e vários estudos ligaram dietas com bastante peixe à redução do declínio mental com a idade avançada. Mas antes que você morda a isca saiba que estes estudos se basearam no que as pessoas lembravam sobra as suas dietas, uma tarefa que cheia a peixe. Testes com Omega-3 em ratos não mostraram melhora nas habilidades cognitivas.

9. Beba chá

A cafeína do chá verde e preto faz o corpo pegar no tranco e afia a mente. Não é bom beber café e energéticos. Para um ganho cerebral excelente faça pausas regulares para beber chá. Doses pequenas durante o dia são melhores do que tomar uma única grande dose.

8. Sem pânico

Enquanto um leve nervosismo pode melhorar o desempenho cognitivo, períodos de estresse intenso nos transformam em neandertais. Tente controlar a sua respiração.

7. Mais devagar

Não existe o fenômeno anunciado por aí chamado de “leitura dinâmica”. Ao menos se o seu conceito de “leitura” significa compreender o texto. Estudos mostram que os leitores rápidos vão muito pior quando questionados sobre o texto. A resposta motora da retina, e o tempo que a imagem leva para ir da mácula para o tálamo e em seguida ao córtex visual para processamento, limita os olhos para cerca de 500 palavras por minuto, em eficiência máxima. O estudante universitário comum alcança,cerca da metade disto.

6. Mantenha-se afiado

Pesquisadores italianos descobriram que pessoas que tem mais de 65 anos que andam cerca de 9 km por semana em passo moderado tem 27% menos chance de desenvolver demência do que adultos sedentários. Os pesquisadores pensam que exercícios possam melhorar o fluxo sanguíneo no cérebro.

5. Pratique

Pratique os tipos de questões que aparecem nos testes de inteligência. Ao se preparar para problemas verbais, numéricos e espaciais, típicos dos exames psicrométricos, você pode melhorar o seu escore.

4. Zzzzzz

Tirar uma soneca rápida no escritório pode deixar seu chefe irritado?Informe-o que você, na verdade, merece uma promoção de acordo com os últimos resultados dos estudos sobre o sono. Um breve cochilo pode melhorar a sua memória, mesmo que dure apenas seis minutos.

3. Jogue videogame

Todo mundo que implorou por um videogame agora vai conhecer o melhor argumento para conseguir um: “Você não quer que eu tenha uma coordenação visual e motora inferior, quer?” Agora você pode falar que alguns jogos o tornam mais inteligente assim como o Brain Age, da Nintendo. Depois de esforços cuidadosos os jogadores “sentem seus cérebros rejuvenescerem”.

2. Exercícios

Estudos mostram que estudantes que praticam exercícios aeróbicos regulares ajudam a construir matéria cinza e branca no cérebros de adultos mais velhos. Em crianças o ponto alto foi o de levar a melhores performances em exames cognitivos.

1. Descubra

Aprender novas coisas pode reforçar o cérebro, especialmente se você acredita que pode aprender novas coisas. É um círculo vicioso: Quando você pensa que está tornando-se mais inteligente, você estuda mais, criando mais conexões entre os neurônios.

Bônus

Leia sempre o HypeScience. É impossível sair deste site com o status quo da mente inalterado. [Obrigado, Marcos, pela lembrança]

Homem de 5.300 anos tem parentes vivos

 

Por em 20.10.2013 as 12:00

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Depois de mais de 5.000 anos de solidão, parece que Otzi, o Homem do Gelo, finalmente tem uma família.
O corpo congelado de Otzi foi encontrado após o derretimento dos Alpes de Ötztal, no Tirol do Sul, na Itália, em 1991. Exames posteriores mostraram que ele tinha 5.300 anos de idade.
Agora, pesquisadores liderados por Walther Parson do Instituto de Medicina Legal em Innsbruck (Áustria) dizem ter identificado 19 homens que vivem na região do Tirol na Áustria que compartilham um ancestral comum com Otzi. Esse ancestral pode ter vivido 10.000 a 12.000 anos atrás.
“Nesse sentido, esses 19 são mais relacionados com o Homem do Gelo do que outros indivíduos”, disse Parson. “Tendo em vista que todos os seres humanos se relacionam entre si de alguma forma”.
Encontrar parentes genéticos foi “acidental”. A equipe de pesquisadores estava analisando marcadores de cromossomo Y masculino e inesperadamente encontrou uma maior frequência de uma determinada linhagem na região do Tirol austríaco do que no resto da Europa.
A alta frequência do marcador também está presente no Oriente Médio, e coincide com as rotas de comércio medievais, indicando que “os colonos anteriores pode ter vindo por esse caminho”, sugere Parsons. “É interessante ver que o sinal genético relativamente antigo ainda é evidente”.
A equipe estudou os registros de DNA de 3.700 doadores de sangue austríacos, e foi assim que encontrou os 19 homens vivos que carregavam a mesma mutação rara do cromossomo Y que Otzi possui.
O estudo foi realizado em doadores anônimos, de forma que os pesquisadores não têm a intenção de identificar os parentes do Homem de Gelo.
“Essas descobertas nos convidam a pensar de maneira diferente sobre o parentesco. Nós normalmente pensamos sobre nossas famílias quando falamos de parentes. No entanto, estes dados demonstram que o DNA também pode ser usado para rastrear a linhagem muito mais para trás no tempo”, explica Parsons.
Otzi foi descoberto por dois caminhantes que tropeçaram em seu corpo semiexposto, de acordo com o Museu de Arqueologia do Tirol do Sul (Itália), que atualmente abriga os restos mortais de Homem de Gelo. Seu corpo, ferramentas e roupas têm sido objeto de muito estudo. Os pesquisadores agora pensam que ele foi assassinado. [Weather]

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Fukushima - A Morte Silenciosa

Vertigens Cotidianas

domingo, 13 de outubro de 2013

 



De acordo com o professor de Yale Charles Perrow, o mundo pode estar muito perto de testemunhar uma tragédia nuclear de potência equivalente a 85 vezes ao acidente nuclear em Chernobyl.

A usina nuclear de Fukushima ainda está em ruínas, dois anos depois do terremoto e tsunami que devastaram o Japão, e a radioatividade que vaza da usina contamina 300 toneladas de água do Oceano Pacífico todos os dias. Em 20 de novembro, a empresa responsável pela manutenção das usinas no Japão vai tentar remover cerca de 1.300 varetas de combustível a Unidade de Reator 4, que está altamente danificada. Não precisa ser cientista nuclear pra deduzir o que pode acontecer caso ocorra algum erro durante a operação.

O site frisa, ainda, que toda a estrutura do prédio, talvez das varetas em si, estão danificadas, e é que é fundamental reverter esse quadro porque qualquer outro desastre natural pode liberar a radiação na atmosfera e causar mais um desastre. A preocupação é que esse processo de remoção das varetas é extremamente delicado, e nenhuma delas pode tocar-se entre si ou quebrar durante a remoção - analistas afirmam que a chance de isso acontecer é alta, especialmente porque não acreditam que a TEPCO, a empresa responsável pela operação, tenha uma equipe qualificada e a engenharia ideal para executá-la sem causar um desastre nuclear sem precedentes na Ásia.



No Global Research, analistas clamam para que a humanidade reúna seus melhores cientistas e engenheiros para conduzir a remoção das varetas. O professor de Yale Charles Perrow também se mostra preocupado. "Com a radiação emitida por todas essas varetas, caso elas não sejam mantidas resfriadas e separadas umas das outras, seria preciso evacuar as áreas próximas, incluindo Tóquio. (...) toda a humanidade estaria ameaçada por milhares de anos", disse ele, ao ser entrevistado pelo site Enenews, especializado na área de energia.

A radiação que pode ser vazada é mais de 15 mil vezes o que foi liberado nos bombardeios em Hiroshima, na Segunda Guerra. E explosão da Unidade do Reator 4, além de ameaçar o Japão e os países vizinhos, também ameaça a costa leste dos EUA, do México e da América Central. Moradores dessas áreas teriam que ficar dentro de casa com as janelas fechadas, já que os ventos carregariam a radiação pelo pacífico até o continente americano.

Não termina aí. Uma explosão da Unidade do Reator 4 poderia causar uma explosão em toda a usina de Fukushima. E isso seria tão sério que esse cientista que vive em Boston planeja mudar-se com sua família para o hemisfério sul caso o cenário indique que a operação será executada como está sendo planejada. O hemisfério sul deve receber radiação também caso Fukushima exploda, mas em menor quantidade.

Os sites que noticiaram o problema clamam para que as Nações Unidas e os líderes mundiais (notadamente Barack Obama, já que os sites são americanos) intervenham e reúnam um time dos maiores especialistas para garantir a segurança da espécie humana. Parece papo de teórico da conspiração, mas é física nuclear.


O beijo pode ser a forma que a evolução encontrou de juntar os casais

 
Por em 13.10.2013 as 15:00

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O ditado diz que você tem que beijar muitos sapos para encontrar o seu príncipe. Uma nova pesquisa sugere que o clichê é verdadeiro, sim – pelo menos quando o analisamos no nível evolutivo.
De acordo com dois novos estudos, o ato de beijar pode ter sido mantido pela evolução como uma forma de avaliar a qualidade dos potenciais parceiros. As mulheres, que tendem a ser mais exigentes sobre envolvimentos românticos do que os homens, também se preocupam mais com beijos nas primeiras fases de um relacionamento, o que indica que, se o cara não tiver a famosa “pegada”, são grandes as chances de ele ser dispensado. Além disso, as mulheres dão atenção especial à importância de um bom beijo durante as fases férteis do ciclo menstrual.

O pesquisador Rafael Wlodarski, doutorando na Universidade de Oxford, Reino Unido, lembra que o beijo existe em praticamente todas as culturas da Terra: alguns dos registros mais antigos deixados pela humanidade, incluindo os vedas hindus (os textos escritos por volta de 1.500 aC que formam a base das escrituras sagradas do hinduísmo) e antigos murais egípcios, representavam pessoas se beijando. “Isso deve servir para algum propósito, uma vez que é algo tão comum”, resume Wlodarski.
As teorias sobre por que nós nos beijamos se encaixam em três categorias. Alguns acreditam que nossos ancestrais continuaram a se beijar até que o costume chegou a nós para ajudar as pessoas a avaliarem potenciais companheiros, talvez transmitindo feromônios, ou sinais químicos que poderiam transportar informações sobre a saúde ou a compatibilidade imunológica. “É apenas uma desculpa para que duas pessoas que estão interessadas uma na outra fiquem próximas o suficiente para se darem uma fungada”, diz Wlodarski.
Nenhum composto em particular provou ser uma espécie de feromônio humano, mas existem evidências de que o odor transporta informações. Um estudo publicado em abril de 2013 descobriu que as mulheres preferem o cheiro de homens que têm altos níveis do hormônio masculino testosterona.
Outra linha de raciocínio afirma que o beijo permanece em nossas vidas até os dias de hoje para manter uma conexão física e emocional entre os casais ou para aumentar a excitação antes do sexo. Para testar essas teorias, Wlodarski e seus colegas recrutaram 902 adultos, estadunidenses e britânicos, para responderem a algumas perguntas sobre suas atitudes em relação ao beijo.
Os participantes classificaram quão importante eles consideravam o beijo em vários estágios nos relacionamentos. Cerca de metade dos participantes que estavam em relacionamentos também relataram o quanto eles e seus parceiros se beijavam e quão satisfeitos estavam no relacionamento.
Os resultados deram pouco suporte à ideia de que o beijo evoluiu para facilitar o caminho até o sexo (mesmo que muitas vezes ele seja usado dessa forma). As pessoas em relacionamentos de curta duração viam no beijo uma importante prévia do sexo, mas não houve outra indicação de que as pessoas se beijam, principalmente, como um aquecimento para a atividade sexual.
Na realidade, as pessoas em relacionamentos associavam intimamente a quantidade e a qualidade dos beijos do casal com a satisfação quanto ao relacionamento. Ou seja, quanto mais os pares se beijavam, mais felizes eles eram. A quantidade de sexo, por outro lado, mostrou não ter ligação alguma com a satisfação com o relacionamento.
Estas últimas descobertas revelam que o beijo serve a um propósito de conexão entre os membros dos casais, ajudando-os a demonstrarem afeto e compromisso. No entanto, o beijo também parece ajudar as pessoas a avaliar o potencial de relacionamento da pessoa.
Se o beijo é uma forma de avaliar os companheiros, aqueles que impõem mais dificuldades para o início de uma relação devem ser os que mais dão importância à qualidade do beijo. De fato, este parece ser o caso: as mulheres – que assumem o risco da gestação, do parto e do cuidado posterior dos filhos quando têm relações sexuais – geralmente são mais exigentes em relação aos companheiros do que os homens. Wlodarski e seus colegas também descobriram que as moças são mais propensas do que os rapazes a considerar o beijar um fator importante na relação – além de terem maior probabilidade de afirmar que o primeiro beijo mudou a atração por outra pessoa.
As pessoas que se autoclassificaram como atraentes – e, portanto, provavelmente podem se dar ao luxo de serem exigentes – também acabaram sendo as mais interessadas no beijo e as mais propensas a afirmar que o beijo poderia influenciar suas percepções de atração em relação ao seu par romântico. Wdolarski e seus colegas relatam estes resultados na próxima edição da revista científica Archives of Sexual Behavior.
Um segundo estudo realizado pelos mesmos pesquisadores, publicado na edição de setembro da revista especializada Human Nature, examinou apenas as atitudes femininas sobre o ato de beijar. De acordo com a pesquisa, se o beijo comunica algumas informações sobre a saúde, a fertilidade ou a compatibilidade genética do casal, então as mulheres que possuem mais chances de engravidar são mais propensas a pensar que o beijo é importante – afinal, se tudo ocorrer bem, elas podem acabar com um bebê.
Os pesquisadores entrevistaram 84 mulheres dos Estados Unidos e do Reino Unido e lhes pediram para informar as datas de seu ciclo menstrual e para responder a perguntas sobre quão importante é, para elas, o beijo em vários estágios de um relacionamento. Dentre as moças consultadas, 50 estavam em sua fase menos fértil do ciclo, enquanto 34 estavam justamente em um dos picos de fertilidade.
As mulheres mais férteis foram mais propensas do que as moças menos férteis a avaliar o beijo nos estágios iniciais da relação como sendo muito importante, dando credibilidade à ideia de que elas poderiam estar, mesmo que inconscientemente, farejando os melhores genes para sua prole em potencial. Por outro lado, ambos os grupos se mostraram igualmente inclinados a considerar a importância do beijo mais tarde em um relacionamento – o que deixa claro o papel do vínculo afetivo que o costume de se beijar possui para os casais.
“Em momentos diferentes na relação, o beijo é usado para funções diferentes”, explica Wlodarski. O pesquisador planeja, na sequência, ir além dos beijos e se aventurar em profundidades ainda mais escuras. “Estou interessado em realizar mais estudos sobre o que é o amor para os seres humanos”, conta. “O que é que nos faz tão intimamente atraídos por uma pessoa específica?”. É esperar para ver. [Life Science]

Antiga sociedade avançada ocupou a Amazônia no passado

 

Por em 13.09.2010 as 20:15


A Amazônia, pelo que se observa hoje, não parece ter sido colônia de férias no passado. Porém, um pesquisador da Universidade da Flórida, e um crescente número de antropólogos, acreditam que uma antiga sociedade avançada ocupou a Amazônia no passado.
Em 1541, um aventureiro espanhol descreveu um pedaço da Amazônia como uma cidade que reluzia branco e como uma terra muito fértil. Atualmente, há pouca evidência de tal civilização. Em vez disso, não só aquela região como o resto da floresta tropical é aparentemente inóspita, cheia de vegetação densa e repleta de seres rastejantes assustadores e venenosos.
Do que o espanhol estava falando, então? Seria o caso de uma “ideia falsa”, vendida pelo aventureiro, ou, como pensam alguns pesquisadores hoje, houve tal civilização na Amazônia?
Os pesquisadores acreditam que sutis distúrbios do solo na paisagem amazônica provam a existência passada de uma sociedade complexa – talvez aquela que o espanhol afirma ter encontrado.
Essas evidências são muito frágeis – tanto que podem ser facilmente confundidas com a natureza. Por exemplo, os defensores da teoria da antiga sociedade a associam muito com a distribuição de sítios de “terra preta”, pedaços de terra com solo fértil.
Inicialmente, os investigadores pensaram que a terra preta se formava a partir de depósitos de cinzas vulcânicas ou pantanais antigos.Mas quando foi estudada mais profundamente, verificou-se que a terra preta era o resultado da ocupação humana permanente de um local: uma acumulação de matéria orgânica, da queima de carvão em baixa temperatura e de cinzas de incêndios.
Outra linha de evidência é o padrão de vegetação na Amazônia. Há agrupamentos de árvores de fruto em muitos sítios arqueológicos e áreas adjacentes, o que sugere que pessoas têm enriquecido a floresta com as espécies desejáveis por um longo tempo. Segundo os pesquisadores, as concentrações anômalas de espécies de plantas econômicas na floresta são provavelmente devido à ação humana.
Os críticos da teoria não se convenceram, entretanto. Eles acreditam que mesmo que essas evidências provem que povos viviam na floresta, não equivale necessariamente a dizer que eram uma civilização complexa, composta de milhões de pessoas.
Se essa civilização existiu, para onde foram todas essas pessoas? Porque hoje só vivem poucas tribos nômades na Amazônia? Os pesquisadores acreditam que esta sociedade, como outros grupos indígenas da América do Sul, foi morta pelas doenças trazidas pelos europeus.
O debate continua, e mais uma preocupação foi adicionada à lista das consequências dessa civilização antiga ter existido. Os estudiosos têm medo que as pessoas que querem explorar os recursos amazônicos usem esses dados antropológicos para apoiar a ideia da mineração e da exploração madeireira no futuro. Afinal, se a floresta sobreviveu a uma civilização tão grande antes, como hoje pode ser diferente? [MSN]