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Maternidades VIP estão entre as campeãs da cesariana desnecessária em SP
Os números de cesáreas apresentados por pesquisa da Fiocruz são alarmantes, levando em conta a porcentagem recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde)
[img1][box-leia]É fato que vivemos uma epidemia de cesarianas no Brasil. De acordo com uma pesquisa da Fiocruz*, 52% dos brasileiros nascem por meio de cirurgia.
Os números são alarmantes, levando em conta a porcentagem de cesáreas recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que é de no máximo 15% do total de partos.
No setor privado, porém, a situação é calamitosa: o índice nacional de cesáreas chega a 88%. Em São Paulo, o cenário é semelhante. Uma planilha obtida pelo Brasil Post mostra que alguns dos hospitais mais luxuosos da capital paulista estão entre os grandes responsáveis pelo quadro.
Veja, abaixo, quais são as maternidades campeãs da faca:
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É preciso esclarecer que a cesariana é uma conquista da obstetrícia moderna. Muitas mães e filhos dependem dela para sobreviver. "Mas também acontece o contrário: quando começa a aumentar muito a taxa de cesariana, também aumentam muito os problemas tanto para a mãe quando para o bebê", explica o obstetra Jorge Kuhn, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e defensor do parto humanizado. Segundo o Ministério da Saúde, a cesariana desnecessária aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o bebê e triplica o risco de morte da mãe.
QUATRO A CADA CEM Na maior maternidade particular de São Paulo, no hospital Santa Joana, o nível de cesarianas é quase sete vezes maior que o recomendado. Dos 72 mil partos realizados na maternidade entre de 2009 e 2014, apenas 5989 foram naturais.
No campeão do índice de cesáreas, o Master Clin, apenas quatro a cada cem bebês vêm ao mundo sem cirurgia.
Maternidades VIP como o São Luiz (93%), a Pro Matre (90%) e o Albert Einstein (81%) também não ficam atrás.
No último dia 7, o Ministério da Saúde e a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) anunciaram medidas de estímulo para o parto normal.
Elas determinam que a parturiente poderá solicitar aos planos de saúde os percentuais de cirurgias cesarianas por estabelecimento de saúde e por médico, além de tornarem o cartão gestante e o partograma obrigatórios, o que significa que o pré-natal deverá ser documentado com muito mais rigor.
Mas se as recordistas de cesarianas são as maternidades particulares, onde a mãe tem muito mais acesso a um pré-natal adequado, por que os índices dessa cirurgia são tão altos no Brasil?
PROBLEMA ESTRUTURAL As causas são múltiplas e passam pela falta de informação até uma questão de conveniência para os hospitais e planos de saúde.
"A operação cesariana é muito mais simples em termos de tempo, dedicação e custos. E a conveniência também para os hospitais, porque agendar uma cesárea é muito conveniente. Você coloca na mesma sala cirúrgica a possibilidade de ter várias operações em um dia, enquanto em uma sala de parto normal, muitas vezes em 12 horas você vai ter apenas um parto", diz Kuhn, da Unifesp. "É preciso esclarecer bem quais são as falsas indicações de cesárea e as verdadeiras indicações de cesárea", opina.
Uma reportagem da Folha de S.Paulo* relata que várias mulheres com plano de saúde estão deixando os hospitais privados para ter filhos em maternidades do SUS, por causa da dificuldade de encontrar profissionais na rede privada dispostos a realizar o parto normal. Em geral, o valor pago pelos planos para partos normais ou cesáreas é o mesmo — o que leva o médico a preferir o método que mais compensa financeiramente para ele.
No serviço privado, todo atendimento é centralizado em um só médico, que faz o pré-natal e o parto. No serviço público, ao contrário, a mulher faz o pré-natal em uma unidade básica de saúde e o parto é realizado por um ou vários plantonistas da maternidade.
"Isso tem uma grande vantagem: o médico que está no plantão não pode sair [até acabar o plantão]. Se ele começa a acompanhar um trabalho de parto e, quando terminar o plantão, a parturiente não deu a luz, ele vai embora. E aí outro médico assume o caso. Essa é uma das razões que faz o serviço público ter menor incidência de cesárea, porque o modelo não é centrado no médico pré-natalista", opina Kuhn.
Em uma audiência pública realizada em novembro de 2014, promotores, médicos, representantes do Ministério da Saúde e da sociedade civil assinalaram a necessidade de se alterar o modelo de atendimento da gestante, tanto na rede pública quanto na privada, com a inclusão da figura da obstetriz e da doula para "desmedicalizar" o parto.
Também destacaram uma deficiência na formação dos médicos. "É preciso criar um novo paradigma de atenção ao parto na formação médica. Ainda hoje se ensinam práticas que, há mais de 20 anos, é anunciado que não se devem fazer em relação a parto e ao nascimento", disse Maria Esther Vilela, coordenadora da área técnica de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde.
O QUE DIZEM OS HOSPITAIS O Brasil Post procurou todos os hospitais listados no ranking acima.
O Hospital São Luiz disse que "a decisão pelo tipo de parto é uma escolha conjunta entre médico e paciente" e que "dispõe de estrutura preparada para atender todos os tipos de parto, incluindo salas para parto humanizado".
Os representantes da maternidade Santa Joana e o Pro Matre, que pertencem ao mesmo grupo, afirmaram que "a escolha da via de parto é exclusivamente da paciente e de seu médico, sempre levando em consideração e dando prioridade à saúde da mãe e do bebê", e que as instituições "são especializadas em gestações múltiplas e de alto risco, recebendo pacientes de todo o Brasil e outros países", o que contribui para o aumento do índice.
O Hospital Metropolitano e o Hospital da Luz (Vila Mariana e Santo Amaro) disseram que incentivam o parto normal, mas que a decisão do método ocorre no âmbito da relação entre o médico e a gestante.
Em resposta enviada por e-mail, Silvia Regina, coordenadora materno-infantil do Hospital Salvalus, afirmou que o elevado índice do hospital pode ser atribuído ao "elevado número de gestantes de alto risco, entre eles: ausências de exames pré natais devido à carência cultural de nossos associados, levando ao aumento no risco de mortalidade fetal intra-uterina, neonatal e materno".
Argumento semelhante foi apresentado pela coordenadora da maternidade do Hospital Israelita Albert Einstein, Rita Sanchez: "Somos hospital de referência para os partos mais complexos devido ao porte do hospital, atraindo um maior número de cesáreas".
Rita também afirmou que, devido à mudança de perfil da mãe, que tem filho cada vez mais velha, uma "taxa aceitável" seria de 30%, o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde.
É fato que vivemos uma epidemia de cesarianas no Brasil. De acordo com uma pesquisa da Fiocruz*, 52% dos brasileiros nascem por meio de cirurgia.
Os números são alarmantes, levando em conta a porcentagem de cesáreas recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que é de no máximo 15% do total de partos.
No setor privado, porém, a situação é calamitosa: o índice nacional de cesáreas chega a 88%. Em São Paulo, o cenário é semelhante. Uma planilha obtida pelo Brasil Post mostra que alguns dos hospitais mais luxuosos da capital paulista estão entre os grandes responsáveis pelo quadro.
Veja, abaixo, quais são as maternidades campeãs da faca:
Brasil Post
É preciso esclarecer que a cesariana é uma conquista da obstetrícia moderna. Muitas mães e filhos dependem dela para sobreviver. "Mas também acontece o contrário: quando começa a aumentar muito a taxa de cesariana, também aumentam muito os problemas tanto para a mãe quando para o bebê", explica o obstetra Jorge Kuhn, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e defensor do parto humanizado. Segundo o Ministério da Saúde, a cesariana desnecessária aumenta em 120 vezes a probabilidade de problemas respiratórios para o bebê e triplica o risco de morte da mãe.
QUATRO A CADA CEM Na maior maternidade particular de São Paulo, no hospital Santa Joana, o nível de cesarianas é quase sete vezes maior que o recomendado. Dos 72 mil partos realizados na maternidade entre de 2009 e 2014, apenas 5989 foram naturais.
No campeão do índice de cesáreas, o Master Clin, apenas quatro a cada cem bebês vêm ao mundo sem cirurgia.
Maternidades VIP como o São Luiz (93%), a Pro Matre (90%) e o Albert Einstein (81%) também não ficam atrás.
No último dia 7, o Ministério da Saúde e a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) anunciaram medidas de estímulo para o parto normal.
Elas determinam que a parturiente poderá solicitar aos planos de saúde os percentuais de cirurgias cesarianas por estabelecimento de saúde e por médico, além de tornarem o cartão gestante e o partograma obrigatórios, o que significa que o pré-natal deverá ser documentado com muito mais rigor.
Mas se as recordistas de cesarianas são as maternidades particulares, onde a mãe tem muito mais acesso a um pré-natal adequado, por que os índices dessa cirurgia são tão altos no Brasil?
PROBLEMA ESTRUTURAL As causas são múltiplas e passam pela falta de informação até uma questão de conveniência para os hospitais e planos de saúde.
"A operação cesariana é muito mais simples em termos de tempo, dedicação e custos. E a conveniência também para os hospitais, porque agendar uma cesárea é muito conveniente. Você coloca na mesma sala cirúrgica a possibilidade de ter várias operações em um dia, enquanto em uma sala de parto normal, muitas vezes em 12 horas você vai ter apenas um parto", diz Kuhn, da Unifesp. "É preciso esclarecer bem quais são as falsas indicações de cesárea e as verdadeiras indicações de cesárea", opina.
Uma reportagem da Folha de S.Paulo* relata que várias mulheres com plano de saúde estão deixando os hospitais privados para ter filhos em maternidades do SUS, por causa da dificuldade de encontrar profissionais na rede privada dispostos a realizar o parto normal. Em geral, o valor pago pelos planos para partos normais ou cesáreas é o mesmo — o que leva o médico a preferir o método que mais compensa financeiramente para ele.
No serviço privado, todo atendimento é centralizado em um só médico, que faz o pré-natal e o parto. No serviço público, ao contrário, a mulher faz o pré-natal em uma unidade básica de saúde e o parto é realizado por um ou vários plantonistas da maternidade.
"Isso tem uma grande vantagem: o médico que está no plantão não pode sair [até acabar o plantão]. Se ele começa a acompanhar um trabalho de parto e, quando terminar o plantão, a parturiente não deu a luz, ele vai embora. E aí outro médico assume o caso. Essa é uma das razões que faz o serviço público ter menor incidência de cesárea, porque o modelo não é centrado no médico pré-natalista", opina Kuhn.
Em uma audiência pública realizada em novembro de 2014, promotores, médicos, representantes do Ministério da Saúde e da sociedade civil assinalaram a necessidade de se alterar o modelo de atendimento da gestante, tanto na rede pública quanto na privada, com a inclusão da figura da obstetriz e da doula para "desmedicalizar" o parto.
Também destacaram uma deficiência na formação dos médicos. "É preciso criar um novo paradigma de atenção ao parto na formação médica. Ainda hoje se ensinam práticas que, há mais de 20 anos, é anunciado que não se devem fazer em relação a parto e ao nascimento", disse Maria Esther Vilela, coordenadora da área técnica de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde.
O QUE DIZEM OS HOSPITAIS O Brasil Post procurou todos os hospitais listados no ranking acima.
O Hospital São Luiz disse que "a decisão pelo tipo de parto é uma escolha conjunta entre médico e paciente" e que "dispõe de estrutura preparada para atender todos os tipos de parto, incluindo salas para parto humanizado".
Os representantes da maternidade Santa Joana e o Pro Matre, que pertencem ao mesmo grupo, afirmaram que "a escolha da via de parto é exclusivamente da paciente e de seu médico, sempre levando em consideração e dando prioridade à saúde da mãe e do bebê", e que as instituições "são especializadas em gestações múltiplas e de alto risco, recebendo pacientes de todo o Brasil e outros países", o que contribui para o aumento do índice.
O Hospital Metropolitano e o Hospital da Luz (Vila Mariana e Santo Amaro) disseram que incentivam o parto normal, mas que a decisão do método ocorre no âmbito da relação entre o médico e a gestante.
Em resposta enviada por e-mail, Silvia Regina, coordenadora materno-infantil do Hospital Salvalus, afirmou que o elevado índice do hospital pode ser atribuído ao "elevado número de gestantes de alto risco, entre eles: ausências de exames pré natais devido à carência cultural de nossos associados, levando ao aumento no risco de mortalidade fetal intra-uterina, neonatal e materno".
Argumento semelhante foi apresentado pela coordenadora da maternidade do Hospital Israelita Albert Einstein, Rita Sanchez: "Somos hospital de referência para os partos mais complexos devido ao porte do hospital, atraindo um maior número de cesáreas".
Rita também afirmou que, devido à mudança de perfil da mãe, que tem filho cada vez mais velha, uma "taxa aceitável" seria de 30%, o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde.
Os demais hospitais não responderam até o fechamento desta reportagem.
Um surto de peste bubônica matou dezenas em Madagascar, e especialistas temem que esses números possam subir. Pelo menos 119 casos foram confirmados até o final do ano passado, incluindo 40 mortes, informou a Organização Mundial de Saúde (OMS) em um comunicado. E a doença está tomando um rumo alarmante.
“O surto que começou em novembro passado tem algumas dimensões preocupantes”, afirma a OMS. “As pulgas que transmitem esta doença antiga de ratos para os seres humanos desenvolveram resistência ao inseticida de combate mais comum”.
A doença tem se espalhando especialmente em favelas densamente povoadas na capital Antananarivo. De acordo com informações de Christophe Rogier, do Instituto Pasteur de Madagascar, divulgadas no final do ano passado, casos foram confirmados em pelo menos 20 distritos além da capital. Rogier é parte de uma equipe que trabalha com a OMS no local para combater a doença.
A peste é causada pela Yersinia pestis, uma bactéria encontrada em roedores e transmitida por pulgas. Recentes inundações no país desalojaram dezenas de milhares de pessoas e “um número incontável de ratos”, disse Margaret Chan, diretora-geral da OMS. Segundo ela, o temor é que a situação ambiental colabore para a proliferação da doença.
Como é transmitida?
Uma vez que uma pulga infectada morde seres humanos, eles podem desenvolver a peste bubônica, que é marcada por inchaço dos gânglios linfáticos. Se as bactérias atingem os pulmões, pode-se desenvolver a peste pneumônica. Esta variação é rara, mas mais perigosa do que a peste bubônica, porque pode ser transmitida entre humanos através da inalação e tosse.
“Se diagnosticada precocemente, a peste bubônica pode ser tratada com sucesso com antibióticos. A pneumônica, por outro lado, é uma das doenças infecciosas mais mortais; doentes podem morrer 24 horas após a infecção”, explica a OMS.
Segundo a organização internacional, pelo menos 8% dos casos avançam para a peste pneumônica. Não está claro, contudo, qual percentagem dos casos atuais compreendem a peste mais letal.
No passado, epidemias da doença ocorreram na Europa, Estados Unidos, África, Ásia e América do Sul.
A praga era conhecido como o “Peste Negra” na Europa do século XIV, e causou a morte de 50 milhões de pessoas. [CNN]
Uma equipe internacional de cientistas descobriu um tipo de microrganismo que não parece ter evoluído ao longo de mais de 2 bilhões de anos.
E o mais surpreendente: essa falta de evolução suporta 100% a teoria da evolução de Charles Darwin.
Os cientistas examinaram bactérias de enxofre, microrganismos demasiados pequenos para vermos a olho nu, de 1,8 bilhões de anos, preservados em rochas de águas costeiras da Austrália Ocidental.
Utilizando tecnologia de ponta, eles descobriram que as bactérias têm a mesma aparência que bactérias da mesma região de 2,3 bilhões de anos atrás, e ambos os organismos antigos são indistinguíveis de bactérias modernas de enxofre encontradas na costa do Chile.
Os escritos de Charles Darwin sobre evolução se concentraram muito mais em espécies que mudaram ao longo do tempo do que nas que não mudaram. Mas a “não mudança” também tem uma explicação.
“A regra da biologia é não evoluir a menos que haja mudanças no ambiente físico ou biológico”, disse William Schopf, professor de ciências terrestres, planetárias e espaciais na Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos EUA.
O ambiente em que esses microrganismos vivem se manteve essencialmente inalterado por 3 bilhões de anos. Sendo assim, eles estão bem adaptados a esse ambiente estável e não precisam mudar, ou seja, evoluir.
“Se eles estivessem em um ambiente que não se alterou, mas tivessem, no entanto, evoluído, isso teria indicado que a nossa compreensão da evolução darwiniana estava seriamente errada”, acrescenta Schopf.
Porém, os resultados fizeram exatamente o contrário: forneceram mais uma prova científica do trabalho de Darwin. “Se encaixam perfeitamente com as suas ideias”, conclui o pesquisador.
A análise
Os fósseis foram analisados utilizando diversas técnicas, incluindo espectroscopia Raman, que permite aos cientistas olhar dentro de rochas e determinar a sua composição química, e microscopia laser confocal, que torna fósseis 3D.
Schopf foi pioneiro no uso de ambas as técnicas para a análise de fósseis microscópicos preservados dentro de rochas antigas. [Phys]
Homens adeptos do bareback - sexo gay sem camisinha - trocam dicas na internet para contaminarem jovens e adolescentes com a Aids
02 FEV 2015
Eles não costumam revelar seus nomes verdadeiros. As trocas de experiências são feitas em sites cujos colaboradores não são identificados. Outras conversas acontecem em grupos fechados, de redes sociais e aplicativos. É assim, secretamente, que homens de diversas partes do Brasil têm se unido para difundir o bareback, modalidade de sexo sem camisinha cujos adeptos, homossexuais soropositivos ou não, “brincam de roleta-russa” com a possibilidade de contraírem e transmitirem o HIV. E o problema vai além: alguns estão usando táticas para enganar jovens mais ingênuos e também deixá-los vulneráveis à doença.
A prática foi denunciada por um estudante de medicina, no mês passado, em um grupo de discussão sobre questões LGBT no Facebook. O jovem de 24 anos, morador do interior de São Paulo, contou que recebeu o alerta de outros médicos e resolveu compartilhar com o máximo de pessoas possível. “O que me motivou a divulgar este absurdo foi saber que adolescentes estão sendo enganados por esses monstros”, disse ele, que preferiu manter o anonimato, ao Terra. “Eles fazem isso por pura maldade, puro prazer em estragar a vida de pessoas que ainda são novas”, completou.
De acordo com o universitário, alguns barebackers, como são chamados, utilizam a web para conhecer jovens gays, marcam encontros e usam diferentes técnicas para conseguirem transar sem proteção. Inicialmente, tentam convencer o parceiro de que a camisinha atrapalharia o prazer da relação. Quando a persuasão não funciona, furam os preservativos e fazem com que estourem no momento da penetração.
Muitas dessas dicas foram facilmente encontradas pela reportagem em um blog chamado "Novinho Bareback", que foi excluído, assim que a denúncia começou a circular nas redes sociais. Na página, integrantes de um "clube" autodenominado "Clube do Carimbo" publicavam, além de fotos e vídeos pornográficos, textos repletos de gírias próprias, em que explicavam os procedimentos e incentivavam os praticantes mais antigos a buscarem novos garotos para se unirem a eles.
"Lembre-se de aproveitar que agora que são férias escolares e tem muitos ‘putinhos’ universitários puros na praça prontinhos para virem para o nosso clube. Como vocês sabem, o sexo bare tem se tornado a modalidade de sexo mais difundida no mundo! Nosso Brasil tem seguido a tendência e cada dia é mais comum encontrarmos adeptos do bare! Todo macho recém-convertido ao bare, lá no fundo, quer ser ‘carimbado’ para ser convertido para nosso lado, para o bare ‘vitaminado’ (risos)”, havia escrito um membro do grupo. “Vitaminado”, no caso, faz referência aos que são portadores da Aids.
"O bom e velho prego ou agulha... Fura essa p**** toda! Quando gozar, vai vazar vitamina dentro do puto. Funciona melhor em dark rooms e sex clubs com pouca iluminação. Recomendo que fure a ponta, apenas a ponta, por que o passivo pode sentir durante a f*** a fricção do preservativo, daí ‘mela a f***’, ou melhor, não mela! Hahaha Furando só a ponta, quando gozar, dá uma segurada dentro para dar tempo de escorrer o suficiente", havia comentado outro.
Em outro blog chamado "Aventuras de um Becker" encontramos mais dicas ilustradas com imagens, vídeos e gifs.
"Cortar a ponta ou furar a ponta dos preservativos é algo fácil de se fazer, dá tesão e estimula um novo fetiche feito por poucos e por alguns. O legal é quando você sabota o preservativo no dia que vai f****", disse o autor, que se identifica como Mauro Machado Becker, antes de escrever um passo a passo do processo. "É preciso prática e discrição sobre tal ato (não saia ai contando isso para todo mundo). Não fez ainda? Faça! Pois é bem provável que já tenham feito em você. É algo sigiloso, uma prática feita por alguns e que decidi compartilhar com vocês a ideia que pode acontecer por acidente ou de propósito", completou.
Em seguida, ele ainda demonstrou certa preocupação: "Este texto é só uma ideia, comentada nacionalmente e internacionalmente, um fato que ocorre e que não quer dizer que eu faça isso".
Outros endereços da internet que exploram o conceito de bareback servem como fórum de discussões sobre o tema e espaço de integração entre os participantes, que combinam abertamente eventos de sexo grupal e gravações de vídeos.
O Terra tentou entrar em contato com Mauro Machado Becker, mas, até o fechamento da reportagem, não obteve retorno.
Por dentro do bareback Os primeiros registros da palavra bareback (cujo sentido original indicava o ato de cavalgar em um cavalo sem cela) como prática sexual datam do início dos anos 1980 nos Estados Unidos. Na mesma década, a modalidade começou a chegar a alguns países europeus e também ao Brasil como uma "moda" importada das comunidades gays norte-americanas. Simultaneamente, explodiu o boom da Aids em todo o mundo. Nos anos 1990, ele deixou de ser conhecido apenas em pequenos guetos homossexuais e se tornou mais popular (o que aumentou de vez graças à internet).
O aliciamento sem consentimento de novos jovens, no entanto, não é praticado por todos os barebackers. Muitos deles não aprovam a conduta e somente mantêm relações com outros adeptos da modalidade. Mesmo assim, a história não é tão simples.
Em 2009, Luís Augusto Vasconcelos da Silva, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), escreveu um artigo sobre o tema – decorrente de uma tese de doutorado defendida em 2008 no Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia – que foi publicado no Caderno de Saúde Pública, revista da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (RJ). No processo de criação do trabalho, intitulado Barebacking e a Possibilidade de Soroconversão, ele entrevistou praticantes para descobrir qual seria o intuito daqueles homens. A conclusão: não há unanimidade de ideias e intenções.
Em primeiro lugar, o pesquisador descobriu que alguns dos entrevistados transavam sem proteção porque queriam, de fato, contrair o vírus HIV. Eles são conhecidos como bug chaser (em inglês, “caçador de inseto”), homens negativos que procuram um gift giver (“doador de presente”), os positivos, para se contaminarem. Depressivos, eles manifestavam desejo de morrer, mas “não tinham coragem” de cometer suicídio. ocorre e que não quer dizer que eu faça isso".
Outros endereços da internet que exploram o conceito de bareback servem como fórum de discussões sobre o tema e espaço de integração entre os participantes, que combinam abertamente eventos de sexo grupal e gravações de vídeos.
O Terra tentou entrar em contato com Mauro Machado Becker, mas, até o fechamento da reportagem, não obteve retorno.
Por dentro do bareback Os primeiros registros da palavra bareback (cujo sentido original indicava o ato de cavalgar em um cavalo sem cela) como prática sexual datam do início dos anos 1980 nos Estados Unidos. Na mesma década, a modalidade começou a chegar a alguns países europeus e também ao Brasil como uma "moda" importada das comunidades gays norte-americanas. Simultaneamente, explodiu o boom da Aids em todo o mundo. Nos anos 1990, ele deixou de ser conhecido apenas em pequenos guetos homossexuais e se tornou mais popular (o que aumentou de vez graças à internet).
O aliciamento sem consentimento de novos jovens, no entanto, não é praticado por todos os barebackers. Muitos deles não aprovam a conduta e somente mantêm relações com outros adeptos da modalidade. Mesmo assim, a história não é tão simples.
Em 2009, Luís Augusto Vasconcelos da Silva, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), escreveu um artigo sobre o tema – decorrente de uma tese de doutorado defendida em 2008 no Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia – que foi publicado no Caderno de Saúde Pública, revista da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fundação Oswaldo Cruz (RJ). No processo de criação do trabalho, intitulado Barebacking e a Possibilidade de Soroconversão, ele entrevistou praticantes para descobrir qual seria o intuito daqueles homens. A conclusão: não há unanimidade de ideias e intenções.
Em primeiro lugar, o pesquisador descobriu que alguns dos entrevistados transavam sem proteção porque queriam, de fato, contrair o vírus HIV. Eles são conhecidos como bug chaser (em inglês, “caçador de inseto”), homens negativos que procuram um gift giver (“doador de presente”), os positivos, para se contaminarem. Depressivos, eles manifestavam desejo de morrer, mas “não tinham coragem” de cometer suicídio.
Outros demonstraram, segundo o professor, desejo “indireto” de se contaminarem – não mais por vontade de morrer, mas pela “liberdade” de, ao se tornarem soropositivos, pararem de se preocupar com a proteção. Seria como um “alívio” por contrair uma doença que parecia inevitável.
Alguns rapazes também justificaram a prática alegando que gostavam da sensação de perigo e subversão. Eles contaram ao estudioso que, a cada novo resultado negativo que recebiam em exames de HIV, sentiam a adrenalina subir e era “como se estivessem ganhando o jogo”. Em caso de resultado positivo, a sensação não seria diferente, pois gostavam até mesmo de se sentirem “mais fortes que a infecção”. “Minha postura é subversiva, minha prática também. É para testar meus limites, para ver até onde encaro essa roleta-russa”, afirmou um deles.
Por fim, ainda de acordo com Vasconcelos da Silva, existiam aqueles que sentiam “curiosidade e fascinação” por participar de uma “identidade soropositiva” e, devido aos avanços no tratamento da doença, simplesmente não tinham consciência de sua gravidade.
Vale lembrar que, consentida ou não, a prática de disseminação de doenças sexualmente transmissíveis é considerada criminosa. Segundo o artigo 130 do Código Penal, “expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado” deve resultar em pena de detenção de três meses a um ano. Se a intenção for transmitir a moléstia, passa para um a quatro anos de prisão.
Falta de políticas públicas e informação O autor do blog que foi deletado da web, rapaz que se identificava apenas como Matheus, costumava compartilhar fotos e vídeos dele e dos jovens “aliciados” – a maioria com corpos musculosos e definidos.
“Em um universo onde corpos sarados chamam a atenção, esses ‘carimbados’ também usam esse artificio para conquistar suas vítimas. Fazendo uma associação com os dados apresentados pelo Ministério da Saúde em 2014, foi justamente na idade entre 16 e 24 anos que subiu o número de infectados. Aí entra o papel do governo”, afirmou o estudante autor da denúncia.
Para ele, o Estado tem responsabilidade direta no aumento dos casos de HIV entre os jovens quando cede a pressões de setores conservadores da sociedade e evita criar publicidades direcionadas a LGBTs que alertem sobre a importância do uso do preservativo. Ele relembrou, por exemplo, o Carnaval de 2012, quando o governo federal retirou do ar uma campanha [imagem abaixo] voltada ao uso de camisinha que era ilustrada com dois garotos homossexuais.
Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde enviou nota em que se posiciona contra a prática de bareback e alegou que produz materiais de prevenção especialmente desenvolvidos para a população de gays e travestis. Confira a íntegra do comunicado:
O Ministério da Saúde é contra a prática do “barebacking”. Nas campanhas de prevenção às DST e Aids promovidas pelo Ministérios da Saúde (1º de dezembro e Carnaval, por exemplo), existem materiais de prevenção especialmente desenvolvidos para a população de gays, travestis e profissionais do sexo, onde é reforçado o uso do preservativo como uma das formas de prevenção à doença. Existem também campanhas regionais desenvolvidas em estados e municípios por ocasião de eventos específicos dessas populações como em paradas gays.
Outra forma de prevenção divulgada nesses materiais específicos é Profilaxia Pós-Exposição (PEP) – medida de prevenção que consiste no uso de medicamentos antirretrovirais pela pessoa que se expôs ao vírus do HIV em relações sexuais desprotegidas, como nas que ocorrem falha, rompimento ou não uso de preservativos.
É importante ressaltar que não cabe ao Ministério punir ou julgar civilmente quem pratica ou coopta pessoas para a disseminação da prática. Atualmente, existe um grupo de trabalho sobre a temática gay e HSH (Homens que fazem sexo com homens) no Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Dentre os assuntos em discussão no grupo está a prática do “barebacking”. O grupo analisa as implicações dessa prática e o quanto ela está disseminada no Brasil, levando em consideração as informações regionais dos grupos que fazem prevenção, de forma a embasar as ações educativas / preventivas junto a essa população desenvolvidas pelo ministério.
Crescimento do HIV no Brasil Um relatório divulgado em julho do ano passado pela Unaids, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) dedicada à luta contra a Aids, apontou que, entre 2005 e 2013, o Brasil registrou aumento de 11% em infecções por HIV. O número de mortes no País em decorrência da doença, por sua vez, subiu 7%.
Os dados são ainda mais alarmantes quando comparados com os outros países: no mundo todo, houve queda de 27,6% nas infecções e de 35% nas mortes. Se levarmos em conta apenas a América Latina, as diminuições foram de 3% e 31%, respectivamente.
Outro levantamento divulgado em dezembro do mesmo ano pela Secretaria da Saúde de São Paulo mostrou que os casos aumentaram 23,2% no Estado entre jovens de 15 a 24 anos de 2009 a 2013. Em 2009, foram notificados 687 novos casos; em 2013, 847.
Pesquisa mais recente do Ministério da Saúde, divulgada na semana passada, mostrou que, apesar de 94% dos brasileiros saberem da importância do uso da camisinha na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, 45% dos sexualmente ativos não usaram preservativo em relações ocasionais em 2013, percentual estável desde 2004.
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O vírus HIV ataca as células do sistema imunológico (linfócitos), alterando seu funcionamento e reduzindo sua contagem. Isso faz com que a capacidade de combater doenças seja comprometida gradativamente. "Ao longo dos anos, com a multiplicação do vírus e a diminuição das células T CD4+ a níveis críticos, o organismo fica vulnerável às infecções chamadas oportunistas, que comumente não acontecem em quem tem uma boa imunidade", explica Alexandre Marra, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
As mais comuns são nos pulmões, no trato intestinal, no cérebro e nos olhos. Nesse estágio, o paciente possui a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids). Os medicamentos usados no tratamento atuam no sistema imunológico, porque bloqueiam o HIV nas diferentes fases do seu ciclo, reduzindo a quantidade do vírus no corpo.
MULTIPLICAR E CONQUISTAR HIV tem um décimo de milésimo de milímetro, mas causa um problemão
1. O vírus é contraído pelo contato sexual ou com sangue contaminado. No primeiro caso, acredita-se que ele grude em células imunológicas chamadas dendríticas, presentes nas mucosas da boca, da vagina, do pênis, do reto e do trato gastrointestinal. Elas o transportam aos nódulos linfáticos (onde são produzidas e armazenadas células de defesa)
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2. Como precisa de uma célula hospedeira para se manter vivo, o HIV age já nas primeiras horas após a infecção. Ele tem uma espécie de "encaixe" que o conecta perfeitamente a receptores na membrana das células T CD4+, um tipo de linfócito que organiza a reação do corpo a invasores. Mas outros órgãos, como o cérebro, também podem ser afetados e usados como esconderijo
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3. O vírus então libera uma enzima chamada transcriptase reversa, que altera seu próprio material genético, convertendo-o de RNA para DNA. Isso permite que ele se integre ao código genético da T CD4+. Uma das classes de medicamentos para tratamento anti-HIV bloqueia justamente essa enzima. O HIV pode permanecer inativo por muitos anos
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4. O invasor continua produzindo novas enzimas com diferentes funções, como a replicação de seu material genético, a criação de proteínas longas e a quebra dessas proteínas. Depois, esses "pedaços" são unidos ao seu próprio DNA. É isso que lhe permite criar a base para "se duplicar". Parte do coquetel anti-HIV visa bloquear uma dessas enzimas, a protease
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5. O novo vírus se separa da célula T CD4+ e rouba uma parte de sua membrana, com todas as estruturas necessárias para se juntar a outra T CD4+ e reiniciar o processo. Isso significa que o HIV passou a gerar cópias de si mesmo. Com seu funcionamento gravemente afetado, as T CD4+ vão se tornando menos eficientes e perdendo sua habilidade de combater outras doenças
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6. O número de células T CD4+ diminui. Normalmente, temos entre 800 e 1.200 delas por milímetro cúbico de sangue. Quando esse total fica abaixo de 200, o organismo se torna vulnerável a infecções oportunistas. Além disso, o paciente sofre com perda de peso, diarreia e problemas neurológicos. É a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids)
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TRAGÉDIA EM QUATRO ATOS Infecção é classificada em etapas: 1. Infecção aguda - De três a seis semanas, uma grande quantidade de vírus é produzida no corpo. Muitas pessoas costumam apresentar sintomas que descrevem como a pior gripe que já tiveram na vida; 2. Fase assintomática - O vírus está ativo, mas não enfraquece muito o organismo. Não há sintomas. Se a pessoa começar o tratamento, pode viver assim por décadas. Caso contrário, o estágio dura cerca de dez anos ou menos; 3. Fase sintomática inicial - Os linfócitos T CD4+ começam a se reduzir drasticamente. Começam a surgir problemas como sudorese, fadiga, emagrecimento, diarreia, gengivite e herpes; 4. Aids - Quando o número de células T CD4+ diminui e cai a níveis inferiores a 200 células/mm3, considera-se que a pessoa tem aids. Sem um tratamento adequado, o tempo de vida estimado é de três anos.
Consultoria Alexandre Marra, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein Fontes Sites aids.gov, aids.gov.br e National Institutes of Health
O vírus HIV ataca as células do sistema imunológico (linfócitos), alterando seu funcionamento e reduzindo sua contagem. Isso faz com que a capacidade de combater doenças seja comprometida gradativamente. "Ao longo dos anos, com a multiplicação do vírus e a diminuição das células T CD4+ a níveis críticos, o organismo fica vulnerável às infecções chamadas oportunistas, que comumente não acontecem em quem tem uma boa imunidade", explica Alexandre Marra, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
As mais comuns são nos pulmões, no trato intestinal, no cérebro e nos olhos. Nesse estágio, o paciente possui a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids). Os medicamentos usados no tratamento atuam no sistema imunológico, porque bloqueiam o HIV nas diferentes fases do seu ciclo, reduzindo a quantidade do vírus no corpo.
MULTIPLICAR E CONQUISTAR HIV tem um décimo de milésimo de milímetro, mas causa um problemão
1. O vírus é contraído pelo contato sexual ou com sangue contaminado. No primeiro caso, acredita-se que ele grude em células imunológicas chamadas dendríticas, presentes nas mucosas da boca, da vagina, do pênis, do reto e do trato gastrointestinal. Elas o transportam aos nódulos linfáticos (onde são produzidas e armazenadas células de defesa)
Ilustra Matchola
2. Como precisa de uma célula hospedeira para se manter vivo, o HIV age já nas primeiras horas após a infecção. Ele tem uma espécie de "encaixe" que o conecta perfeitamente a receptores na membrana das células T CD4+, um tipo de linfócito que organiza a reação do corpo a invasores. Mas outros órgãos, como o cérebro, também podem ser afetados e usados como esconderijo
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3. O vírus então libera uma enzima chamada transcriptase reversa, que altera seu próprio material genético, convertendo-o de RNA para DNA. Isso permite que ele se integre ao código genético da T CD4+. Uma das classes de medicamentos para tratamento anti-HIV bloqueia justamente essa enzima. O HIV pode permanecer inativo por muitos anos
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4. O invasor continua produzindo novas enzimas com diferentes funções, como a replicação de seu material genético, a criação de proteínas longas e a quebra dessas proteínas. Depois, esses "pedaços" são unidos ao seu próprio DNA. É isso que lhe permite criar a base para "se duplicar". Parte do coquetel anti-HIV visa bloquear uma dessas enzimas, a protease
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5. O novo vírus se separa da célula T CD4+ e rouba uma parte de sua membrana, com todas as estruturas necessárias para se juntar a outra T CD4+ e reiniciar o processo. Isso significa que o HIV passou a gerar cópias de si mesmo. Com seu funcionamento gravemente afetado, as T CD4+ vão se tornando menos eficientes e perdendo sua habilidade de combater outras doenças
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6. O número de células T CD4+ diminui. Normalmente, temos entre 800 e 1.200 delas por milímetro cúbico de sangue. Quando esse total fica abaixo de 200, o organismo se torna vulnerável a infecções oportunistas. Além disso, o paciente sofre com perda de peso, diarreia e problemas neurológicos. É a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids)
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TRAGÉDIA EM QUATRO ATOS Infecção é classificada em etapas: 1. Infecção aguda - De três a seis semanas, uma grande quantidade de vírus é produzida no corpo. Muitas pessoas costumam apresentar sintomas que descrevem como a pior gripe que já tiveram na vida; 2. Fase assintomática - O vírus está ativo, mas não enfraquece muito o organismo. Não há sintomas. Se a pessoa começar o tratamento, pode viver assim por décadas. Caso contrário, o estágio dura cerca de dez anos ou menos; 3. Fase sintomática inicial - Os linfócitos T CD4+ começam a se reduzir drasticamente. Começam a surgir problemas como sudorese, fadiga, emagrecimento, diarreia, gengivite e herpes; 4. Aids - Quando o número de células T CD4+ diminui e cai a níveis inferiores a 200 células/mm3, considera-se que a pessoa tem aids. Sem um tratamento adequado, o tempo de vida estimado é de três anos.
Consultoria Alexandre Marra, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein Fontes Sites aids.gov, aids.gov.br e National Institutes of Health